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Kerry fala sobre o plano contra o Estado Islâmico para o Comitê de Relações Exteriores do Senado americano | Joshua Roberts/Reuters
Kerry fala sobre o plano contra o Estado Islâmico para o Comitê de Relações Exteriores do Senado americano| Foto: Joshua Roberts/Reuters

Militantes agora usam as ferramentas americanas

Opinião

Irinêo Baptista Netto, editor de Mundo.

Chega a ser engraçado. Mas de um jeito perturbador. Na verdade, é provável que você ria nos segundos finais do vídeo que o Estado Islâmico (EI) divulgou nesta quarta-feira (17) como uma espécie de resposta ao anúncio do presidente Barack Obama – de que ele vai destruir o EI "onde quer que esteja".

A produção de 52 segundos parece um trailer sem pé nem cabeça e lembra, ironicamente, um filme ruim de ação produzido por Hollywood. São os radicais islâmicos usando as mesmas ferramentas e meios que os americanos usam para conquistar mentes e corações: o soft power do EI.

O clipe não tem narrativa. É só uma sucessão de cenas breves de soldados, de combate e do Obama, intercaladas por explosões. Palavras (suponho que o idioma seja árabe) se misturam ao discurso do líder americano, mais explosões e a Casa Branca, filmada da rua como se o operador da câmera estivesse num carro em movimento.

Ao fim, surge um título: "Chamas da Guerra – A Batalha Apenas Começou". Os vídeos das decapitações realizadas pelo EI também receberam títulos, mas eram mais objetivos: "Mensagem para o governo dos Estados Unidos", "Uma segunda mensagem para a América".

Agora, o estranho é que a produtora do clipe (Al Hayat Media Center, com vinheta e tudo) coloca a expressão "coming soon" (em breve), usada em trailers para indicar que um filme ainda não chegou aos cinemas. Mas esse "em breve" sugere que o conflito logo vai chegar aos EUA.

Se você parar para pensar no que é o EI e no quanto é doente o grupo transformar um conflito sério num trailer pirotécnico, talvez ainda ria, mas de nervoso.

Os norte-americanos seduzidos pela propaganda on-line do Estado Islâmico (EI) e de outros grupos militantes constituem a maior ameaça terrorista aos EUA, que fica especialmente vulnerável aos combatentes estrangeiros que retornam da Síria, disse ontem um alto funcionário de segurança dos EUA.

Opinião: Militantes agora usam as ferramentas americanas

Embora não existam evidências de que o grupo islâmico radical planeje um ataque em solo norte-americano, a máquina de propaganda vigorosa e os esforços de sofisticados recrutamentos na internet criaram uma ameaça potencial.

Os chefes do FBI, Segurança Interna e do Centro Nacional Contraterrorismo emitiram o aviso em uma audiência perante o Comitê de Segurança Interna da Câmara.

Eles falaram enquanto militares dos EUA se preparam para expandir a ação militar liderada pelos EUA contra o EI, desde o Iraque para a Síria, e antes de uma votação na Câmara dos Deputados, a pedido do presidente Barack Obama, para armar rebeldes sírios para combater os militantes, que acabou sendo aprovada.

O grupo se esforça para recrutar até dois mil ocidentais que viajaram para a Síria para lutar contra o governo do presidente Bashar al-Assad. Entre os combatentes estrangeiros, estão 100 americanos que "podem, eventualmente, voltar radicalizados e determinados a nos atacar", disse Matt Olsen, a principal autoridade dos EUA contra o terrorismo.

Olsen disse que a Síria permanece como importante campo de treinamento para grupos independentes e alinhados à Al-Qaeda, e que a taxa de viajantes que vão para a Síria superou o de pessoas que foram para o Afeganistão, Paquistão, Iraque, Iêmen ou na Somália nos últimos 10 anos.

Os congressistas pressionaram as autoridades administrativas sobre como elas podem impedir os ataques dos extremistas dentro do país ou de combatentes estrangeiros vindos da Síria, que podem ter passaportes europeus ou dos EUA.

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