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As democracias ocidentais, incluindo o Brasil, devem superar sua aversão a grupos islâmicos que desfrutam de apoio popular no Norte da África e no Oriente Médio e encorajá-los a respeitar os direitos humanos, disse o Human Rights Watch (HRW) em um relatório no domingo.

O diretor-executivo do HRW, Kenneth Roth, disse no relatório anual do grupo que os levantes pró-democracia da Primavera Árabe no ano passado em toda a região mostraram que é vital que o Ocidente acabe com sua política de apoiar "uma série de autocratas árabes" em troca de apoio aos interesses ocidentais.

O Ocidente também deveria ser mais consistente ao apoiar as forças pró-democracia no mundo árabe e em outros lugares, disse ele no relatório de 690 páginas do HRW sobre os abusos aos direitos humanos no mundo.

"A comunidade internacional deve... chegar a um acordo com o Islã político quando ele representar a preferência da maioria", disse.

"Partidos islamistas são genuinamente populares na maior parte do mundo árabe, em parte porque muitos árabes enxergam o Islã político como a antítese ao regime autocrático."

Blocos islâmicos surgiram como importantes forças políticas tanto na Tunísia quanto no Egito.

O HRW elogiou os Estados Unidos e a União Europeia pela postura dura em relação à repressão brutal contra os manifestantes lançada pelo líder líbio falecido Muammar Gaddafi, que acabou levando a uma autorização do Conselho de Segurança da ONU de uma ação militar para proteger os civis.

A intervenção da OTAN na guerra civil da Líbia levou à derrubada de Gaddafi e à sua morte nas mãos de forças rebeldes.

Depois de inicialmente hesitar no caso da Síria, Roth disse que os Estados Unidos e a UE impuseram sanções ao governo do presidente Bashar al-Assad por causa de uma repressão a manifestantes pró-democracia que já matou ao menos 5.000 civis, segundo números da ONU.

"Em outras partes, no entanto, a postura ocidental aos levantes da região vem sendo mais insegura e experimental", disse Roth.

O HRW disse que Washington foi relutante em abandonar o presidente egípcio Hosni Mubarak, visto como vital para manter a estabilidade regional e a paz com Israel, até que sua derrubada foi determinada. Mas então hesitou em pressionar o conselho militar do Egito para que passasse o poder para um governo civil.

A França foi igualmente relutante na Tunísia, disse Roth.

"De forma similar, governos ocidentais não impuseram consequências significativas pela matança de manifestantes no governo do presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, que viam como uma defesa contra a Al Qaeda na Península Arábica", disse.

Eles também falharam em assumir uma postura forte contra o Bahrein, em parte em "deferência à Arábia Saudita", que não gosta da ideia de uma democracia perto de sua fronteira e teme que o Irã esteja influenciando a maioria xiita do Bahrein, disse Roth.

A Liga Árabe também vem sendo inconstante. Pior ainda é a União Africana, que ele descreveu de "vergonhosamente complacente".

Roth também criticou a Rússia e a China, que vetaram um esboço europeu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, em outubro, que teria condenado a repressão contra os manifestantes pró-democracia e ameaçado Damasco de sanções.

Os "parceiros na indiferença" de Pequim e Moscou sobre a Síria foram Brasil, Índia e África do Sul, que junto com Rússia e China compõem o poderoso bloco emergente BRICS.

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