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A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a insistência russa no tema pode ser um sinal de que Moscou planeja usar esse tipo de armas na guerra
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a insistência russa no tema pode ser um sinal de que Moscou planeja usar esse tipo de armas na guerra| Foto: EFE/Mark Garten

As potências ocidentais bateram de frente novamente nesta sexta-feira (18) com Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU devido às supostas armas biológicas que, segundo Moscou, a Ucrânia está desenvolvendo em seu território.

O mais alto órgão das Nações Unidas voltou a debater esta questão a pedido da Rússia, que já havia levado a questão ao Conselho na semana passada, em uma medida que Estados Unidos, França e Inglaterra qualificaram de “estranha teoria da conspiração” e “campanha de desinformação”.

Como fez na sexta-feira passada, 11 de março, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, insistiu que tinha novas evidências que mostravam que os Estados Unidos e a Ucrânia estavam colaborando no desenvolvimento de armas biológicas.

“O Ministério da Defesa russo descobriu mais evidências mostrando que as autoridades ucranianas estavam implementando projetos biológicos para fins militares sob supervisão direta dos Estados Unidos”, disse Nebenzya, que não divulgou essas evidências.

Em um discurso de 15 minutos, o diplomata russo discutiu os supostos planos e listou vários laboratórios ucranianos que a Rússia diz estarem envolvidos nesses testes.

A alta representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, voltou a repetir que “as Nações Unidas não têm conhecimento de um programa de armas biológicas” na Ucrânia, mas destacou que a ONU “não tem mandato nem capacidade técnica nem operacional para investigar esta informação”.

Em uma reunião quase semelhante à anterior, a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, reiterou que a ajuda de seu país à Ucrânia é transparente e que ela se orgulha dessa cooperação.

“Não há laboratórios ucranianos de armas biológicas perto da fronteira russa, ou em qualquer lugar. Existem apenas estabelecimentos de saúde pública, e digo com orgulho que são apoiados e reconhecidos pelo governo dos Estados Unidos, pela Organização Mundial da Saúde e outros governos e instituições internacionais”, destacou a diplomata.

Thomas-Greenfield foi ainda mais longe e disse que as acusações russas poderiam ser uma estratégia para justificar um futuro ataque químico ou biológico contra o povo ucraniano.

A mesma tese foi defendida pelo representante francês, Nicolás de Riviere. “A França está extremamente preocupada com a possibilidade de que esta campanha de desinformação seja o prelúdio do uso de uma arma química ou biológica na Ucrânia”, comentou.

EUA, Reino Unido, Noruega, Irlanda, Albânia e França, que proferiram os discursos mais duros contra a Rússia, mostraram seu alinhamento inequívoco com uma declaração conjunta lida antes da reunião por Thomas-Greenfield, que discursou acompanhada dos representantes dos demais países.

Apoio chinês à Rússia

Por outro lado, e tal como aconteceu na sessão da sexta-feira passada, a China reiterou seu apoio às acusações russas e disse que “qualquer informação e indícios sobre atividades militares biológicas devem gerar maior preocupação e atenção por parte da comunidade internacional para evitar danos irreparáveis”.

“A Rússia revelou, além disso, os documentos relevantes recém-descobertos. A parte interessada deve responder às perguntas e fornecer esclarecimentos oportunos e abrangentes para dissipar as dúvidas da comunidade internacional”, disse o embaixador chinês, Zhang Jun.

Os demais países do Conselho de Segurança foram mais moderados, sem endossar as acusações russas, mas também não chegando a chamá-las de “farsa” ou “cortina de fumaça”, limitando-se a condenar o uso de armas químicas ou biológicas, exceto o Gabão, que insistiu que as acusações russas não deveriam ser “encaradas de forma leve”.

“Acreditamos que qualquer assunto relacionado às obrigações da Convenção sobre Armas Biológicas deve ser tratado de acordo com as disposições da convenção e por meio de consulta e cooperação entre as partes envolvidas”, declarou o representante da Índia, que pediu a suspensão imediata do hostilidades e respeito pela soberania e integridade dos estados.

Por sua parte, o Brasil ressaltou que acusações “extremadamente graves” devem estar “completamente fundamentadas em evidências sólidas” e ser apresentadas perante uma autoridade independente e imparcial para confirmá-las, deixando entrever sua oposição a que a Rússia tenha levado a questão ao Conselho de Segurança.

Essa posição também foi compartilhada pelo México, que indicou que a Convenção sobre Armas Biológicas deve ser o instrumento para resolver esse tipo de questão.

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