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Curitiba – Se a industrialização não oferece trabalho para todos e tende inclusive a reduzir o emprego formal, a solução é valorizar o ócio. A reflexão parte de especialistas como o italiano Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade de Roma. Ele diz que o conceito de trabalho vem sendo idolatrado e que é preciso desencantá-lo, e que a sociedade subestima as potencialidades do ócio.

Essa linha de pensamento considera que as teorias de autores como Alexis de Tocqueville, Karl Marx e John Maynard Keynes são interpretadas de forma equivocada quando aparecem como alicerces da defesa do trabalho. Os proletários teriam direito ao trabalho para poderem desfrutar do ócio longe da miséria. Para Masi, o ócio não está necessariamente ligado à riqueza. Ele adverte ainda que nem todo tipo de ócio traz dignidade.

A ociosidade torna-se uma arte "nos lugares justos", defende em seu livro O Futuro do Trabalho. Ele cita o exemplo de monges que, isolados em colinas, mantêm hábitos intelectuais ao frescor dos bosques e saboreiam bom vinho "sem se preocuparem de fato com o julgamento do mundo". Masi revela ter embasado suas idéias em reflexões que nada têm a ver com a abordagem essencialmente racional da questão do trabalho, e defende a "justa" relação entre o bem-estar do corpo e do espírito. O autor acredita que esse é o caminho para "o refinamento de cada um e da sua sociedade".

Reflexões do gênero surgem em meio a intensos esforços científicos pela solução do problema da falta de trabalho na Europa, e não são novas. Na década de 70, a imprensa italiana especializada em economia e política já dava atenção ao destoante posicionamento, que prega a valorização do tempo não só durante tarefas remuneradas.

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