• Carregando...

Amorim quer acordo antes da eleição nos EUA

Nova Délhi – O Brasil tem esperança de que a Organização Mundial do Comércio consiga concluir um acordo sobre a Rodada de Doha para liberalizar o comércio mundial antes da eleição presidencial americana de 2008, indicou ontem o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. O chanceler brasileiro deu esta declaração momentos antes de a OMC apresentar um novo projeto para tentar reativar Doha.

"Não, a Rodada de Doha não está morta, tenho esperança de que se consiga um acordo", afirmou Amorim aos jornalistas em Nova Delhi, em referência às conversações lançadas na capital do Qatar em 2001. Amorim, que se encontra na capital indiana para conversar com seus colegas da Índia e da África do Sul, destacou a importância se se concentrar nos objetivos mais do que nos prazos para concluir o acordo. Se os Estados Unidos aceitarem realizar uma redução substancial dos subsídios e a eliminação dos subsídios à exportação, isso aceleraria a conclusão de um acordo que seria considerado "um legado muito importante do governo George W. Bush", afirmou Amorim.

O chefe da diplomacia brasileira enfatizou que seria útil que os 150 membros da OMC pudessem fazer algo antes que os Estados Unidos entrem totalmente em campanha para a eleição presidencial de novembro de 2008.

"Se trabalharem agora com a meta de chegar a algum entendimento antes de setembro, isso ainda permitiria um acordo completo antes das eleições nos EUA. Isso seria melhor", afirmou Amorim.

Genebra – O Brasil terá de ceder em sua posição no setor industrial e aceitar cortes de mais de 60% de suas tarifas de importação. É o que sugerem os mediadores da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ontem apresentaram suas propostas para tentar salvar a Rodada Doha. Em troca, os europeus incrementariam a abertura do mercado agrícola e os americanos aceitariam um teto de no máximo US$ 16,4 bilhões nos subsídios distribuídos anualmente.

A decisão, agora, é política. Para diplomatas, o Brasil e os países emergentes terão de avaliar se estão dispostos a pagar esse preço pelo que foi oferecido no setor agrícola. Sem um acordo entre os principais atores do processo e do fracasso da reunião de Potsdam, no mês passado, os mediadores da OMC foram convocados para apresentar suas propostas.

A proposta exige um pouco de todos. Mas críticos e diplomatas dos países emergentes apontam que o que está sendo pedido dos países emergentes em termos industriais vai além do que estava sendo proposto.

Em uma primeira leitura, o Brasil não esconde que ficou "moderadamente satisfeito" com a proposta do teto dos subsídios nos Estados Unidos, entre US$ 13 bilhões e US$ 16,4 bilhões. Os americanos queriam US$ 22,5 bilhões inicialmente, enquanto o Itamaraty pedia US$ 12,5 bilhões. Outra dúvida que fica é quanto ao acesso ao mercado europeu – eles teriam de cortar de 66% a 73% de suas tarifas, mas poderiam manter produtos sensíveis.

O obstáculo será aceitar os cortes considerados profundos no setor industrial, algo que nem argentinos nem venezuelanos, entre outros países, parecem dispostos. Um negociador sul-africano considerou a proposta "inaceitável" e não escondia irritação.

"A proposta de abertura de mercados agrícolas oferece pouco para o preço que será cobrado", afirmou Celine Charveriat, da Oxfam, organização internacional voltada ao combate da pobreza. Segundo a entidade, os cortes de tarifas e subsídios agrícolas vão "na direção correta", mas ainda são "modestos" comparados aos esforços e "custos severos" que os países emergentes terão ao abrir seus mercados para industrializados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]