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Polícia isola área onde ocorreu um tiroteio, no Brooklyn, em 16 de julho| Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP

Os tiroteios na cidade de Nova York continuam a aumentar. Quinze pessoas foram baleadas em 15 horas no fim de semana passado, de Rockaway ao Bronx. Um bebê estava entre as quatro pessoas baleadas em um churrasco no Brooklyn na noite de domingo (12); ele morreu por causa dos ferimentos. O último mês viu um aumento impressionante de tiroteios e homicídios. No acumulado do ano, os assassinatos aumentaram 27% em relação ao primeiro semestre de 2019; nas últimas quatro semanas, mais de 300 pessoas foram baleadas na cidade de Nova York, sendo que no mesmo período do ano passado foram 100.

Muitas pessoas, incluindo o pessoal da polícia de Nova York, analisaram o aumento do crime violento e o associaram às extensas reformas de justiça criminal adotadas nos últimos anos, especialmente desde o início de 2020. O chefe do departamento Terence Monahan descreveu “uma combinação de coisas, como a reforma das regras de fiança, presos sendo liberados por causa da Covid-19, fechamento de tribunais”, que estão contribuindo para a escalada do crime. Defensores da reforma e boa parte da imprensa criticaram os comentários de Monahan e exigiram apoio à sua argumentação. Eles saudaram a publicação do NYPD de um relatório indicando que apenas uma pessoa liberada como resultado da reforma de fiança foi presa e acusada de um tiroteio – evidência, segundo eles, de que Monahan estava tentando desacreditar o esforço progressista para acabar com o encarceramento em massa.

Mas a ausência de dados (por enquanto) que vinculem especificamente reformas equivocadas, descriminalização e desencarceramento ao aumento de crimes violentos dificilmente desmascara a conexão entre eles. A maioria dos tiroteios ainda não teve prisões, por isso é impossível saber se os criminosos foram libertados recentemente da prisão ou não, embora dezenas deles sejam suspeitos em tiroteios. Além disso, com os tribunais fechados em grande parte por causa da pandemia, mais de 1.800 pessoas presas sob acusação de posse ilegal de arma foram liberadas para passear nas ruas.

Os promotores da cidade de Nova York adotaram a tendência nacional de se recusar a indiciar suspeitos detidos por vários crimes e, como resultado, as prisões diminuíram. Nos primeiros três meses de 2020, a polícia prendeu 9.326 pessoas por acusações que mereciam mais do que apenas um aviso, número bem abaixo das 17.410 prisões realizadas no primeiro trimestre de 2019. No entanto, o crime aumentou no mesmo período. Claramente, milhares de criminosos estão lidando com seus negócios com relativa impunidade, como resultado do extenso desmantelamento do sistema de justiça criminal.

A justificativa da esquerda

Enquanto a cidade de Nova York desaba no caos, sua liderança permanece imprudente. A resposta do prefeito Bill de Blasio à crescente violência em toda a cidade tem sido culpar "comunidades deslocadas" por causa do coronavírus. Quanto ao que está causando o distúrbio, De Blasio insiste que ele está "muito mais interessado nas soluções do que em debater continuamente a análise". De Blasio também elogiou o movimento “Cure Violence” por seus esforços em “interrupção da violência”, os quais envolvem “pessoas da comunidade chegando até os jovens em particular, mediando, interrompendo a violência antes que ela aconteça, criando realmente o tipo de diálogo e apoio, o apoio à saúde mental apoio, as coisas que mudam a realidade fundamental”.

Nessa mesma linha – culpando o aumento da violência por um déficit de recursos sociais – a deputada Alexandria Ocasio-Cortez associou o aumento dos tiroteios à privação econômica. “Talvez isso tenha a ver com o fato de as pessoas não estarem pagando o aluguel”, ponderou a congressista, “e estão com medo de pagar o aluguel e, assim, saem e precisam alimentar o filho e não têm dinheiro então você talvez precise. . . eles são colocados em uma posição em que sentem que precisam roubar um pouco de pão ou passar fome naquela noite”.

A explicação de Ocasio-Cortez vem diretamente de Les Misérables, e continua sendo uma visão popular sobre o motivo pelo qual os crimes ocorrem: todo crime é econômico na raiz, segundo o pensamento. Os apelos para desfinanciar a polícia e transferir o dinheiro gasto em segurança para os serviços sociais refletem esse sentimento. Gastar dinheiro suficiente com assistentes sociais, bancos de alimentos, moradia e educação tornaria a polícia obsoleta, porque o crime desapareceria.

No entanto, está claro que a atual onda de tiroteios na cidade de Nova York não é motivada por necessidades econômicas. Casos de furtos insignificantes, como furtar mantimentos em lojas, estão acontecendo substancialmente menos neste ano do que em 2019, assim como furtos de maiores proporções. E poucos, se houver algum, dos recentes assassinatos parecem ter sido o resultado de um "assalto que deu errado"; de fato, assaltos também acontecem em toda a cidade. O bebê morto no domingo à noite foi baleado por um grupo de homens que estacionaram um SUV, saíram do carro e começaram a atirar contra um grupo de pessoas reunidas para um churrasco. Na semana anterior, no Bronx, um homem que atravessava a rua com a filha foi alvejado, durante o dia, por um assassino que lhe deu um tiro na cabeça de dentro de um carro.

Estes são atos de vingança ou acertos de conta e não crimes econômicos de oportunidade. A visão de Ocasio-Cortez sobre o crime como algo impulsionado pela necessidade de pão é satisfatoriamente simples, porque, se fosse verdade, seria fácil corrigi-lo. A verdade é que o crime violento é motivado por razões perversas de criminosos violentos – e a cidade de Nova York deu a esses indivíduos permissão para continuar livre.

©2020 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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