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O governo da Etiópia obrigou 70 mil indígenas da região de Gambella, no oeste do país, a deixarem suas terras para destiná-las a cultivos comerciais, e os transferiram para assentamentos carentes de água, acesso a alimentos e saúde, denunciou nesta terça-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

Em comunicado divulgado em seu site, a ONG alerta para a precária situação de milhares de pessoas desde que, há um ano, o Executivo etíope iniciou sua política de assentamentos na região.

Segundo o relatório, as autoridades forçam os habitantes a deixarem suas casas, com a perda de seu meio de sobrevivência e seu acesso a alimentos, vítimas, frequentemente, dos abusos das forças de segurança etíopes.

De 2008 a janeiro de 2011, segundo a HRW, a Etiópia arrendou pelo menos 3,6 milhões de hectares, e outros 2,1 milhões estão disponíveis através do Banco Federal de Investimento em Agricultura.

A Human Rights Watch sustenta que 42% das terras de Gambella, muitas delas ocupadas, foram postas no mercado para sua exploração comercial, segundo os próprios números do Governo.

Expulsos

Os expulsos, pertencentes em sua maioria às etnias Anuak e Nuer, são transferidos a novos assentamentos que carecem das necessidades básicas, informou a HRW.

"O programa de reassentamento coletivo não está melhorando o acesso aos serviços para os povos indígenas de Gambella, mas pelo contrário está pondo em perigo seu meio de subsistência e a segurança alimentar", disse no comunicado Jan Egeland, diretor para a Europa da Human Rights Watch.

"O Governo deve suspender o programa até que se possa garantir que as infraestruturas necessárias estão disponíveis e que as pessoas foram devidamente consultadas e compensadas pela perda de suas terras", acrescentou.

O Governo etíope planeja situar 1,5 milhão de pessoas para o ano 2013 em quatro regiões do país: Gambella, Afar, Somali e Benishangul Gumuz, de acordo com a ONG.

Desde o início do plano de povoamento em Gambella, em 2010, o Governo etíope programou aproximadamente a mudança de 70 mil pessoas na região para o final de 2011.

O plano se compromete a proporcionar as infraestruturas para as novas aldeias e a assistência necessária para assegurar meios de vida alternativos aos refugiados.

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