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Calçados com tinta vermelha, representando sangue das vítimas da violência do governo, são expostos em Tegucigalpa | Johan Ordonez/AFP
Calçados com tinta vermelha, representando sangue das vítimas da violência do governo, são expostos em Tegucigalpa| Foto: Johan Ordonez/AFP

Pressão

Missão brasileira obtém garantia de Micheletti

Folhapress

Tegucigalpa - Em um encontro não programado e sem a participação de dois dos seis deputados, a missão de parlamentares brasileiros reuniu-se ontem por duas horas com o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, que garantiu a inviolabilidade da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde o presidente deposto Manuel Zelaya se refugia desde 21 de setembro, e ordenou a reativação do telefone da sede diplomática.

O anúncio da reunião com Micheletti foi dado aos deputados brasileiros após encontro com membros da sociedade civil hondurenha. Os deputados Ivan Valente (PSol-SP) e Janete Pietá (PT-SP), que fizeram parte da missão, não concordaram com o encontro e se recusaram a participar.

"Houve um problema de mérito e de método no agendamento deste encontro. O governo brasileiro e nós também não reconhecemos Micheletti como presidente de Honduras", explicou Valente.

Tegucigalpa - A ONG de direitos humanos Comitê de Familiares de Prisio­­neiros Desaparecidos de Hondu­­ras (Cofadeh) denunciou ontem que ao menos 12 pessoas morreram violentamente e dezenas ficaram feridas desde 28 de ju­­nho, quando um golpe de Estado derrubou o presidente Manuel Zelaya.

Também ontem, quatro relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) expressaram "grave preocupação’’ pelas violações dos direitos humanos desde que Zelaya voltou, clandestinamente, a Honduras, em 21 de setembro. O presidente deposto está refugiado na Embaixada brasileira em Tegucigalpa.

"Temos investigado e documentado adequadamente os casos de 12 pessoas que morreram de forma violenta, na maioria resultado da repressão da polícia a manifestações populares e estamos completando a informação sobre outros dois’’, disse Berta Oliva, presidenta do Cofadeh.

O último caso registrado pela ONG foi Wendy Avila, 24 anos, que morreu na semana passada de um colapso respiratório por causa das bombas de gás lacrimo­­gêneo lançadas pela polícia contra um grupo de manifestantes.

"Além disso, temos dezenas e dezenas de denúncias de pessoas que foram feridas e atacadas nos protestos’’, disse Oliva, que citou como exemplo o candidato presidencial independiente Carlos H. Reyes, que se recupera de uma lesão em um dos braços.

As autoridades hondurenhas reconhecem a morte de apenas três manifestantes da oposição. O primeiro deles morreu em 5 de julho passado, quando milhares de apoiadores de Zelaya foram ao Aeroporto Internacional de Tegucigalpa para receber o presidente deposto. O Exército tomou a pista do aeroporto e proibiu o pouso do avião que trazia Zelaya. As autoridades dizem, contudo, que não sabem com certeza de onde veio o tiro que matou o ma­­nifestante.

Desde a volta do presidente de­­posto Zelaya a Honduras, em 21 de setembro passado, as forças de segurança de Honduras am­­plia­­ram a segurança nas ruas de Te­­gucigalpa e enfrentaram di­­versas vezes grupos de manifestantes.

Presos

Oliva afirmou ainda que 96 pessoas enfrentam julgamentos por atentar contra a segurança do Estado. Destas, seis estão presas em vários presídios do país.

A presidente da Cofadeh afirmou ainda que vários líderes da oposição receberam ameaças de morte, entre elas Reyes, o líder agrário Rafael Alegría, a deputada esquerdista Silvia Ayala e o ativista de direitos humanos An­­drés Pavón.

A Cofadeh, criada na década de 80 por familiares de 180 pessoas desaparecidas, estuda a possibilidade de apresentar denúncias formais a organismos internacionais como a Comissão In­­te­­ramericana de Direitos Huma­­nos ou a Corte Penal Interna­­cional.

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