• Carregando...
Mulher de Ezzedine al-Ghool (à dir.), homem torturado até a morte na cidade de Gharyan, é consolada pela mãe. O bebê na foto é Ali, filho do casal, nascido três dias depois do assassinato do pai | Ismail Zitouny/Reuters
Mulher de Ezzedine al-Ghool (à dir.), homem torturado até a morte na cidade de Gharyan, é consolada pela mãe. O bebê na foto é Ali, filho do casal, nascido três dias depois do assassinato do pai| Foto: Ismail Zitouny/Reuters

Organizações humanitárias in­­ternacionais alertaram ontem que dezenas de pessoas estão so­­frendo maus-tratos e torturas por parte de militantes nos centros de detenções da Líbia, algumas delas morrendo devido à falta de cuidados médicos. As ONU expressou preocupação sobre as condições dos pacientes presos.

A Anistia Internacional (AI) afirmou que seus funcionários testemunharam cenas muito cho­­cantes em centros nas cidade de Trípoli, Misrata e Gheryan, com alguns presos com ferimentos abertos na cabeça, nas costelas e nas costas.

O alerta foi reforçado pela Mé­­­­dico Sem Fronteiras (MSF), que, segundo a emissora de tevê americana CNN, está interrompendo suas operações nos centros de detenção em Misrata porque os detidos no local são "torturados e têm atendimento mé­­dico negado".

A organização afirmou que tratou 115 pacientes em prisões com ferimentos relacionados a atos de tortura, sendo que alguns deles voltaram a ser agredidos quando receberam alta.

"Pacientes são trazidos para nós para receber atendimento no meio de sessões de interrogatórios para que possam aguentar mais perguntas depois", afirmou Christopher Stokes, diretor-geral da MSF.

"Isso é inaceitável. Nosso pa­­pel é prover tratamento médico para causalidades de guerra e doenças aos detidos, não tratar repetidamente os mesmos pa­­cien­­tes entre sessões de tortura."

Segundo um porta-voz da AI, os atos de tortura são realizados por autoridades reconhecidas do Exército e das forças de segurança, assim como por militantes armados com operações ilegais.

Reação

A ONU disse estar preocupada com os relatos e as condições dos pacientes presos. Segundo a alta comissária para os direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pil­­lay, os detidos durante a guerra ocorrida na Líbia em 2011 – travada entre forças re­­beldes e o regime do então ditador Muamar Kadafi – continuam sendo torturados, apesar dos es­­forços do go­­verno para o fim de tal prática.

Pillay disse ao Conselho de Se­­gu­­rança na quarta-feira que se preocupa com os milhares de prisioneiros, em sua maioria acusados de serem leais ao regime de Kadafi, capturado e morto em ou­­tubro, e de serem mercenários provenientes da África Subsa­­aria­­na.

Segundo ela, as informações fo­­ram coletadas pelo Comitê In­­ternacional da Cruz Vermelha (CICV) durante visitas realizadas entre março e dezembro de 2011 a mais de 8,5 mil detidos em cerca de 60 centros de detenção diferentes. "A falta de fiscalização pela autoridade central cria um am­­biente propício à tortura e a maus tratos", disse. "Minha equipe tem recebido relatórios alarmantes que isso está acontecendo nos locais de detenção que visitou."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]