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Imagem tirada de um vídeo na página do YouTube, na internet, mostra protestantes antigoverno rasgando um retrato de Hafez Assad (à dir.), ex-ditador pai do atual líder sírio, Bashar Assad (à esquerda) | YouTube/AFP
Imagem tirada de um vídeo na página do YouTube, na internet, mostra protestantes antigoverno rasgando um retrato de Hafez Assad (à dir.), ex-ditador pai do atual líder sírio, Bashar Assad (à esquerda)| Foto: YouTube/AFP

Jerusalém - A pressão sobre a Síria aumentou ontem depois de dois eventos. O primeiro foi a abertura, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e com o apoio do Brasil, de um inquérito para investigar a repressão sangrenta aos protestos pró-democracia. O segundo foi a adoção, dos Estados Unidos, de novas sanções contra o regime do ditador Bashar Assad.

As medidas foram adotadas no mesmo dia em que as forças de segurança sírias cometeram mais um massacre contra manifestantes. Grupos de direitos humanos dizem que os protestos de ontem deixaram 62 mortos em várias cidades do país.

A resolução que condena a violência e abre inquérito, com possível envio de investigadores internacionais à Síria, foi aprovada por 26 dos 47 membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sediado em Genebra.

O texto, apresentado pelos EUA, foi rejeitado por nove países. Houve sete abstenções. Cinco países, entre os quais Jordânia, Qatar e Bahrein, faltaram à votação.

O Brasil foi um dos principais entusiastas da resolução, apesar da boa relação com a Síria. A embaixadora do Brasil no CDH, Maria Nazareth Farani Azevêdo, justificou o voto afirmando que as notícias de civis mortos pelo regime merecem ser condenadas e investigadas pela ONU.

Azevêdo destacou que o voto do Brasil reflete o compromisso da presidente Dilma Rousseff em priorizar os direitos humanos na política externa. "Mas sem seletividade’’, enfatizou a embaixadora. Ela disse que o Brasil apoia uma iniciativa da Suíça de realizar uma sessão especial abrangente no CDH sobre as convulsões políticas atuais no mundo árabe.

O governo americano também fechou o cerco a Damasco unilateralmente, ao congelar bens e ativos nos EUA de três altos funcionários do regime, entre eles um irmão do ditador Assad. Pela medida, americanos também ficam proibidos de fazer negócios com eles.

A União Europeia anunciou ontem ter chegado a um consenso prévio sobre sanções que incluem embargo à venda de armas, entre outras medidas para afetar Assad. Segundo ONGs, o regime sírio já matou ao menos 500 manifestantes desde o início da revolta, em março. Autori­­dades refutam esse número de mortos.

Brutalidade

"Os Estados membros se uniram para condenar o uso de táticas brutais utilizadas pelo regime de Assad para silenciar a dissidência pacífica", disse em comunicado a embaixadora de direitos humanos dos Estados Unidos, Eileen Donahoe.

"Em geral, é um bom resultado, sabíamos que haveria concessões", disse Radwan Ziadah, um exilado sírio que dirige o Centro de Damasco para Estudos de Di­­reitos Humanos.

"Ao mesmo tempo, a ausência de certos países foi muito reveladora. Catar, Arábia Saudita, Barein e Jordânia, quatro países árabes, isso nos informa quanto o regime sírio está isolado. É um passo muito importante para nós", acrescentou Ziadah, professor visitante da Universidade George Wa­­shing­­ton, que veio à Genebra para a sessão.

A Anistia Internacional afirmou que as forças sírias estavam cometendo graves violações com total impunidade e manifestaram a sua preocupação sobre o destino de centenas de pessoas mantidas sob custódia.

"Recebemos o testemunho em primeira mão de tortura e outros maus-tratos, incluindo espancamentos com paus, pontas e cabos de fuzil, eletrocussão e agressão sexual a que detidos vem sendo submetidos, alguns dos quais, crianças", disse Peter Splinter, re­­presentante da Anistia In­­ternacional, ao conselho em Genebra.

Argentina, Brasil, Chile, Gana e Zâmbia estão entre Estados-chave dando seu apoio à resolução do Oci­­dente. Mas China, Rússia e Paquistão votaram contra, denunciando interferência nos assuntos internos da Sí­­ria e acusando o conselho de usar dois pesos e duas medidas.

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