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Moradores vasculham os escombros de um prédio destruído por bombardeios do governo sírio em Azzaz, a 47 km de Aleppo | Goran Tomasevic/Reuters
Moradores vasculham os escombros de um prédio destruído por bombardeios do governo sírio em Azzaz, a 47 km de Aleppo| Foto: Goran Tomasevic/Reuters

Vítimas

Bombardeios deixam 30 mortos em cidade no norte da Síria

Pelo menos 30 pessoas morreram ontem em um bombardeio de forças do regime de Bashar Assad na cidade de Azzaz, no norte da Síria. A cidade fica próxima a Aleppo, segunda maior cidade do país em que rebeldes e o governo fazem um enfrentamento intenso desde o início de julho.

De acordo com ativistas, as explosões atingiram casas da cidade e um mercado popular, sendo que, em um deles, estavam cidadãos libaneses, que ficaram feridos na ação. A mídia de Beirute, no entanto, afirma que há mortos entre os cidadãos do país.

Um médico, que se identificou como Mohammed, confirmou que 30 corpos chegaram ao hospital, além de vários feridos. Em um vídeo publicado na internet, moradores removiam corpos de alguns dos edifícios que foram destruídos no bombardeio.

Mais cedo, rebeldes entraram em confronto com tropas do regime em frente ao prédio do gabinete do premiê sírio, na capital Damasco.

De acordo com os ativistas, combatentes do Exército Livre Sírio usavam armas para lançar granadas e dispararam tiros contra as forças de Assad, que reprimiram os ataques. A região fica próxima também de um dos prédios da embaixada do Irã, um dos principais aliados do regime. Moradores afirmam ter visto fumaça em um dos prédios da representação de Teerã, próximo à praça Abasiyeen.

Um grupo de especialistas da ONU (Organização das Na­­ções Unidas) acusou ontem de crimes contra a humanidade o ditador da Síria, Bashar Assad, e as milícias aliadas ao regime pelo massacre de Houla, em que 108 civis morreram, em 25 de maio.

Os analistas, que pertencem aos 47 países integrantes do Conselho de Direitos Humanos, culparam o governo e os grupos paramilitares, conhecidos como "shabbiha", pela ação.

Tortura

O relatório mostra que, além dos homicídios, as forças do regime são acusadas de tortura, estupro e ataques indiscriminados com envolvimento do alto escalão do governo e dos militares. Aos opositores também são imputados os mesmos crimes, mas "em menor frequência e escala".

Para realizar o informe, foram feitas mais de mil entrevistas e trabalho de campo entre 15 de fevereiro e 20 de julho. As informações serão apresentadas em 17 de setembro ao Conselho de Di­­reitos Humanos.

Relator

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que antecipou a informação, o presidente do grupo, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, disse que a organização está preocupada com o aumento das violações dos dois lados do conflito. "Estamos preocupados com a intensificação das violações de direitos humanos cometidas por grupos armados. Eles não têm poder [legal] para executar pessoas", observa Pinheiro.

Segundo ele, os rebeldes estão com muito mais acesso a informação e a armas. Pinheiro, contudo, observa que o relatório não compara o grau de violência usado pelos opositores e pelo regime – apenas identifica a mudança na "natureza do conflito" desde o último levantamento, do início do ano.

Para a comissão, o regime de Bashar Assad também extrapola as regras internacionais que balizam uma guerra civil, como a do país.

"Ainda que as Convenções de Genebra ofereçam legalidade ao governo para fazer algumas ações de guerra, como atacar legitimamente os grupos armados, elas não autorizam bombardear a população civil diretamente. É o que tem acontecido", diz Pinheiro.

Caminhão explode diante de hotel que abriga a ONU

Uma bomba explodiu ontem em Damasco, em local próximo ao hotel em que estão hospedados observadores da ONU. Segundo a mídia estatal, três pessoas ficaram feridas, nenhuma delas ligada à ONU.

Dois grupos assumiram­­ a autoria conjunta – a Bri­­gada dos Descendentes do Profeta e a Brigada al Habib al Mustafa. Eles afirmam que o ataque, planejado pelo Exército Livre da Síria, matou 50 soldados, contrariando a versão do governo de que houve apenas três feridos pela bomba.

O atentado chamou a aten­­ção não tanto pelo dano­­ causado, mas por ser o segundo no período de quatro semanas, expondo o avanço da capacidade rebelde de organizar ataques na capital.

Há um mês, um atentado a bomba matou membros de alto escalão do regime, incluindo o ministro de Defesa.

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