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Genebra - A ONU alerta que políticas de austeridade, como as que tomam conta da periferia da Europa, estão levando o mundo a uma crise social e ameaçam jogar a economia mundial de volta para uma recessão. O recado faz parte do levantamento mais completo já publicado pela entidade desde o início da recessão, em 2008, sobre a repercussão social da crise

A constatação é de que os pacotes de austeridade estão levando a cortes nos gastos sociais, com impacto para a educação, saúde, alimentação e nível de renda de milhões de pessoa. Nas últimas semanas, as ruas de Atenas têm visto o mal-estar explícito diante de uma crise que ganha dimensões dramáticas. Na Espanha, milhares de pessoas saem às praças, enquanto pelo menos quatro governos já perderam o poder por conta da recessão e de sua resposta à crise. "As medidas de austeridade adotadas por certos países, como Grécia e Espanha, diante de um excessivo endividamento pú­­bli­­co não ameaçam apenas o emprego no setor público e os gastos sociais, mas também tornam a recuperação econômica mais frágil e incerta", alertou o levantamento.

"Os governos devem reagir com prudência às pressões em favor da consolidação orçamentária e da adoção de medidas de austeridade se não quiserem se arriscar com a interrupção da recuperação de sua economia", indica.

Países emergentes

O fenômeno, porém, não está limitado à situação na Grécia e Espanha. "Vários países em de­­sen­­volvimento, especialmente os que se beneficiam de programas do FMI, também sofrem pressões para reduzir seus gastos públicos e adotar medidas de austeridade", apontou.

Segundo a ONU, a realidade é que a crise financeira se transformou hoje em uma crise social. Já em 2009, 95 países registraram uma queda na renda média de seus cidadãos. O desemprego subiu de forma re­­cor­de, passando de 178 milhões em 2007 para 205 milhões em 2009. O problema é que, se os ban­­cos voltaram a lucrar e crise financeira deu sinais de ter sido superada, seu impacto social persiste.

Países como a Espanha, Letônia, Estônia e Lituânia continuam com taxas de desemprego acima de 18%. No total, os países ricos acumularam 14 milhões de empregos que desapareceram de suas ec onomias. 97% dos países desenvolvidos ainda têm hoje uma taxa de desemprego superior à de 2008. 78% dos emergentes também apresentam essa realidade.

Cenário ruim

O cenário, segundo a ONU, não é dos mais animadores. Para 2011 e 2012, as estimativas são de um crescimento menor no Produto Interno Bruto (PIB) mundial que a recuperação de 2010, quando a expansão foi de 3,6%. Para a ONU, a expansão será de apenas 3,1% e 3,5% em 2012.

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