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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, explica os documentos, que revelam a morte de mais de 100 mil iraquianos | Leon Neal/AFP
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, explica os documentos, que revelam a morte de mais de 100 mil iraquianos| Foto: Leon Neal/AFP

Iraque

Oposição pede troca de premier após denúncias

Bagdá - As alegações de que as forças de segurança iraquianas torturaram detidos, conforme descrição dos documentos secretos divulgados pelo site Wikileaks, servem como uma alerta contra a manutenção no poder do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, afirmaram seus principais adversários políticos neste sábado. O bloco oposicionista Iraqiya disse que as alegações demonstram a necessidade de assegurar que al-Maliki não consiga permanecer no cargo por meio do acordo político que foi fechado desde que as eleições nacionais em 7 de março não resultaram em um vencedor claro. O porta-voz do governo, Ali al-Dabbagh, recusou-se a falar sobre os documentos.

Agência Estado

Londres - Após a divulgação de cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra no Iraque pelo site WikiLeaks, na última sexta-feira, o relator especial da ONU sobre a tortura, Manfred Nowak, e a Anistia Internacional cobraram ontem os EUA para que investiguem os casos de tortura denunciados.

"A administração (do presidente americano Barack) Obama tem a obrigação, quando surgem acusações sérias de tortura contra qualquer funcionário americano, de investigar e tomar as consequências. Essas pessoas deveriam ser processadas", afirmou o relator.

Os EUA criticaram o site por não trazer "novidades" e poder gerar um sentimento de vingança, colocando em risco as tropas ocidentais que continuam no país.

Defesa

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, defendeu a divulgação em entrevista coletiva em Londres. Ele garante que foram tomados todos os cuidados para que não haja risco para nenhum soldado envolvido nas operações no Iraque.

"Os ataques à verdade começam antes do início de uma guerra e continuam mesmo depois que ela acaba", afirmou Assange.

Nos papéis colocados à disposição no site há vários relatos de assassinato e tortura cometidos pela polícia iraquiana contra seus próprios cidadãos. Apesar de presenciar as atrocidades, soldados americanos apenas relatavam que não havia nada mais a investigar. Em alguns casos, as autoridades iraquianas eram comunicadas, muitas vezes as mesmas responsáveis pelas torturas.

"Isso transforma as tropas em cúmplices", afirmou Phil Shiner, da ONG Public Interest Lawyers.

Os documentos revelam também 15 mil mortes de civis a mais que as computadas até agora, enquanto o governo dos EUA diz que não há números sobre mortes de civis. "Os documentos trazem não apenas números, mas detalhes dos mortos. Isso é muito importante", disse John Sloboda, da organização Iraq Body Count. O site também divulgou documentos que revelam que milícias xiitas iraquianas foram treinadas no Irã e receberam armamento e instruções do país vizinho.

Em julho, o WikiLeaks já havia divulgado 91 mil documentos secretos sobre a guerra do Afeganistão. Acredita-se que os dois vazamentos tenham a mesma fonte: um analista dissidente da inteligência do Exército americano, cuja identidade continua mantida sob sigilo.

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