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Cartum – As Nações Unidas confirmaram ontem que o Sudão pediu a saída do país do enviado especial da ONU em Cartum, Jan Pronk, que deve partir antes da noite de quarta-feira. "O ministério sudanês das Relações Exteriores deu 72 horas para Jan Pronk abandonar o país", anunciou a agência oficial Suna.

Um comunicado do ministério difundido pela rádio Omdurman destaca que o prazo começou à meia-noite de ontem. O governo sudanês havia protestado na sexta-feira contra declarações de Pronk, segundo as quais as forças armadas sofreram derrotas em Darfur, a região sudoeste do Sudão, imersa num mortífero conflito desde 2003.

Por sua parte, o porta-voz do governo autônomo do Sudão-Sul classificou a ordem de expulsão de "decisão ruim", já que, a seu ver, isso não vai melhorar as relações com a comunidade internacional em relação ao conflito de Darfur.

Pronk, um diplomata holandês de 66 anos, é o emissário especial em Cartum do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desde 2004. Foi deputado e várias vezes ministro na Holanda até 2002.

O ministério sudanês das Relações Exteriores qualificou as declarações de Pronk, cujas relações com o regime do presidente Omar al Bechir estavam muito abaladas, de "incompatíveis com seu mandato".

O exército sudanês, por sua vez, havia afirmado antes que Pronk devia ser declarado persona non grata por suas "abertas ingerências nos assuntos das forças armadas".

O ministério precisou em seu comunicado que "o governo sudanês está disposto a colaborar com seu sucessor, estimando que Jan Pronk violou uma regra da ONU que estipula que seu pessoal deve se abster de ações e declarações incompatíveis com seu mandato".

No último dia 14, Pronk escreveu em seu blog que as forças armadas sudanesas haviam "perdido em Darfur dois importantes combates: em Um Sidir no mês passado e em Kerakaya, esta semana". Acrescentou que o moral dos soldados era baixo e disse temer uma mobilização das milícias rebeldes em Darfur.

O presidente Bechir continua se opondo à comunidade internacional, que pretende enviar tropas da ONU para a imensa região de Darfur, do tamanho da França.

Segundo a ONU, os combates com os rebeldes e a crise humanitária deixaram cerca de 200 mil mortos e cerca de 2,5 milhões de refugiados desde o início do conflito em 2003.

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