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Os países do sul da África, duramente atingidos pela Aids, deveriam adotar uma política de circuncisão masculina em massa como forma de combater a doença, afirmou na terça-feira o chefe da Unaids, uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

Vários estudos recentes mostraram que a circuncisão diminui de 50 a 60 por cento, entre os homens, o perigo de contaminação pela doença.

"Esses países (africanos) deveriam se preparar agora para realizar as circuncisões em grande escala", afirmou o chefe da Unaids, Peter Piot, à Reuters. "Os dados científicos a respeito disso são claros."

Os bebês do sexo masculino deveriam ser os primeiros a serem circuncidados. Depois viriam os adolescentes e os adultos, disse Piot, que está em Nova Délhi para conversar com autoridades indianas sobre como elas pretendem enfrentar a doença na Índia, local onde se concentra o maior número de casos da Aids no mundo.

Em 2005, a Unaids disse que, antes de defender a prática da circuncisão como parte de programas nacionais de combate à doença, eram necessárias mais pesquisas para se ter certeza sobre os eventuais benefícios da cirurgia.

Um estudo realizado por cientistas norte-americanos e húngaros afirmou que a circuncisão diminui o risco de contágio também entre as mulheres, em cerca de 30 por cento.

Os muçulmanos e os judeus são circuncidados porque assim determinam seus ensinamentos religiosos. Segundo Piot, a agência da ONU compreendia que defender a prática da cirurgia era uma questão religiosa e culturalmente delicada para muitas pessoas.

"Mudar isso significa lidar com valores centrais. Isso tornará essa política algo mais complicado do que qualquer outra questão médica que eu consiga imaginar."

Mas, em virtude da gravidade da situação da Aids no sul da África, é importante defender a circuncisão, disse o chefe da Unaids.

"Estamos diante de uma crise absoluta, na qual temos entre 20 e 40 por cento dos adultos com HIV. Temos de usar todas as ferramentas científicas conhecidas para diminuir o número de novas contaminações."

A África do Sul, Botsuana e a Namíbia estão entre os países mais atingidos pela doença na região. Já na Suazilândia, o nível de contaminação pelo HIV é de cerca de 50 por cento, diz a agência.

Segundo Piot, mesmo que seja realizada uma campanha de circuncisão de grande escala, os países devem continuar incentivando a população a utilizar preservativos e a abster-se da prática de sexo casual.

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