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Veja quais são os cinco maiores fornecedores de armas e os principais compradores |
Veja quais são os cinco maiores fornecedores de armas e os principais compradores| Foto:

Alternativas

Entre as soluções, mais rigor sobre a ajuda internacional

Para os críticos do Tratado de Controle de Comércio de Armas (ATT), a solução não passa pela regulamentação da exportação e importação de armamentos.

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Brasil é a favor do ATT, mas vendeu armas ao Zimbábue

Apesar de se posicionar a favor do Tratado de Controle de Co­­mércio de Armas (ATT), que bus­­ca acabar com a venda de armas para países que violam os direitos humanos, o Brasil exportou armas para um dos países mais autoritários do mundo, o Zim­­bábue. De acordo com o relatório Small Arms Survey de 2006, um dos mais conhecidos quando o assunto é comércio de ar­­mas, o Zimbábue estava entre os cinco maiores compradores de armas do Brasil.

"Essa é um atitude que não pode continuar. É lamentável. A gente espera que num futuro bem próximo isso mude. Já po­­deria parar de acontecer, caso o governo quisesse", afirma Denis Mizne, diretor executivo do Instituto Sou da Paz.

Em dezembro do ano passado, o Brasil tomou uma posição bastante criticada pelos defensores dos direitos humanos. O país não aderiu ao tratado internacional, assinado por 111 países, que proíbe a fabricação, o co­­mércio e o uso de bomba cluster. Também chamada de bomba cacho, o artefato se fragmenta após a explosão, aumentando o raio e o número de pessoas que podem ser atingidas.

À época, o governo brasileiro alegou que não havia uma posição fechada e que o país poderia aderir ao tratado no futuro. Um dos argumentos do Itamaraty foi de que preferiria um acordo no âmbito da ONU, e não em foro informal, como foi o caso. (BB)

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Na última semana, a América La­­tina presenciou mais uma rusga diplomática entre Venezuela e Co­­lômbia. Desta vez, a tensão começou após a acusação de Bogotá de que oficiais venezuelanos teriam repassado armamento militar para os rebeldes das Forças Ar­ma­das Revolucionárias da Co­­lômbia (Farc). As armas, de origem sueca, teriam sido vendidas a Caracas nos anos 1980. A Venezuela nega a acu­­sação, mas o governo sueco já sinaliza que pode banir a venda de ar­­mamentos para o país caribenho.

Para os defensores do Tratado de Controle de Comércio de Armas (ATT, na sigla em inglês), atualmente em discussão na ONU, esse é um caso típico em que um acordo por maior controle sobre o co­­mércio de armas poderia revelar quem está falando a verdade. O ATT é uma tentativa, apoiada principalmente por organizações não governamentais (ONGs), para controlar a exportação de ar­­mas e munições e prevenir que elas caiam nas mãos de terroristas, narcotraficantes ou países violadores dos direitos humanos. Hoje, esse é um mercado bastante desregulamentado.

Embora bem-intencionado, o ATT é alvo de muita controvérsia. Seus críticos afirmam que será mais uma medida inócua que gastará tempo e dinheiro das Nações Unidas. Isso porque, qualquer que seja a posição tomada por um even­­tual corpo decisório do ATT, muito provavelmente o Conselho de Se­­gu­­rança (CS) sempre terá a palavra final no momento de impor ou não um embargo contra um país que tenha infringido as regras do comércio de armas. E, como se sa­­be, um dos integrantes do CS, com poder de veto, é a China, país que repetidamente viola os direitos humanos e teria então de ser um dos alvos prioritários do ATT. Mas como imaginar que a China votaria contra seu próprio interesse?

Para Denis Mizne, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, en­­tidade que apoia a criação do ATT, a ideia do tratado é primeiramente organizar um mercado completamente desregulamentado. "Com o tratado, poderíamos controlar todas as fases de uma exportação de armas. Isso quer dizer que não vai haver violação do tratado? Não. Mas quer dizer que vamos levar o comércio de armas para outro patamar de controle. Hoje é mais fácil fazer exportações fraudulentas, porque não há regras", diz ele.

Para que o ATT torne-se eficaz, o primeiro passo é conseguir a assinatura de um grupo significante de países. Um dos questionamentos dos países é que o ATT não viole o direito de um Estado possuir armas para defesa própria. Pes­­quisa feita pela ONG Small Arms Survey, baseada em Genebra, mos­­tra que 52 países demonstraram essa preocupação sobre o tratado. O problema é que o reconhecimen­­to do direito a se armar pode se transformar num tiro pela culatra para os defensores do ATT. David B. Kopel, Paul Gallant e Joanne D. Eisten, autores do estudo sobre o tratado, explicam como isso poderia acontecer.

"Considere, por exemplo, o Zimbábue. A China impediu a imposição de um embargo das Nações Unidas sobre o Zimbábue, mas a União Europeia impôs o seu próprio embargo. Sob um ATT, o Zimbábue poderia argumentar que: 1) O governo do Zimbábue pos­­sui um direito internacionalmente reconhecido a armas. 2) O corpo deliberativo do ATT se recusou (graças à China) a impor um embargo de armas contra o Zim­­bábue. 3) Portanto, um embargo da União Europeia, ou de qualquer outro país, é uma violação do di­­reito do Zimbábue sob a lei internacional, e portanto não tem validade legal."

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