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Garoto palestino com o rosto pintado participa de protesto contra a decisão do TPI de pedir a prisão de al-Bashir | Mohammed Salem / Reuters
Garoto palestino com o rosto pintado participa de protesto contra a decisão do TPI de pedir a prisão de al-Bashir| Foto: Mohammed Salem / Reuters

A expulsão de 13 ONGs internacionais do Sudão, em represália à ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional de Haia contra o presidente Omar al-Bashir, emitida nesta quarta-feira, pode colocar em risco a vida de milhões de pessoas que recebem ajuda humanitária na região sudanesa de Darfur. Segundo a porta-voz das Nações Unidas, Michele Montas, a medida causará "um dano irreparável" à região, onde as atividades destas organizações garantem comida, água e atendimento médico para mais de dois milhões de pessoas.

"A decisão do Governo do Sudão de expulsar as ONGs dedicadas a distribuir ajuda em Darfur causará, se cumprida, um dano irreparável às operações humanitárias", afirmou Montas.

A porta-voz frisou que, para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estas organizações desempenham suas atividades de "maneira neutra e imparcial", motivo pelo qual pede ao Governo de Cartum que reconsidere sua decisão. Ban também se disse preocupado com a segurança dos voluntários internacionais e com os recursos destas organizações, que em alguns casos foram confiscados, segundo Montas.

"O confisco de materiais, dinheiro e equipamentos é inaceitável e deve parar imediatamente", acrescentou a porta-voz.

Entra as agências expulsas estão duas seções dos Médicos Sem Fronteiras, duas seções da Save the Children, a Oxfam, a Care International, o Comitê Internacional de Resgate, a Solidarites, a Ação Contra a Fome, a CHP International, o Mercy Corps, o Conselho de Refugiados Norueguês e a Padco. Nenhuma delas é ligada à ONU.

Sem as 13 agências, 1,1 milhão de pessoas ficaram sem comida, 1,1 milhão sem atendimento médico, e mais de um milhão sem água potável.

"Milhões de vidas estão em risco, e esta não é a hora de jogos políticos. Estas agências de auxílio fornecem a maior parte da ajuda humanitária necessária para mais de dois milhões de pessoas vulneráveis", alertou nesta quinta Tawanda Hondora, subdiretora para a África da Anistia Internacional.

"Ao expulsar as agências, o governo sudanês está, na verdade, mantendo a população civil inteira de Darfur como refém, um ato agressivo que deve ser condenado nos termos mais fortes possíveis pela União Africana, pelos Estados da Liga Árabe e por toda a comunidade internacional", acrescentou.

Nesta quinta-feira, o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, classificou de uma tática "colonialista" a decisão do TPI de pedir sua prisão por crimes contra a Humanidade e de guerra na região sudanesa de Darfur, onde cerca de 300 mil pessoas foram assassinadas e 2,7 milhões, obrigadas a deixar suas casas. Diante de milhares de sudaneses que faziam manifestação de apoio a Bashir, o presidente disse que são os Estados Unidos e a Europa que devem ser levados à Corte de Haia.

"Os mentirosos e os verdadeiros criminosos na Europa e nos Estados Unidos querem julgar os honrados. Os que roubaram a riqueza dos povos são os que tem que se sentar frente ao tribunal", disse Bashir, em Cartum, onde desfilou em carro aberto e voltou a dançar para os manifestantes.

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