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Genebra (AE) – Com o apoio da União Européia e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), a Organização das Nações Unidas (ONU) quer apurar a informação de que os Estados Unidos estariam mantendo em prisões secretas integrantes de grupos terroristas ou suspeitos em diversos países, principalmente no Leste Europeu e na Ásia. Rússia, Polônia, Romênia e Tailândia, países citados como possíveis locais das prisões, negaram ontem que seus territórios estejam sendo usados pelos Estados Unidos para manter membros da Al Qaeda.

O novo escândalo envolvendo a luta contra o terrorismo surgiu após a publicação de um artigo no jornal The Washington Post na quarta-feira e que revelou que a CIA estaria interrogando suspeitos em prisões secretas em oito países do leste europeu criadas depois de 11 de setembro de 2001. Ontem, foi a vez do Financial Times revelar, baseado em um relato da entidade Human Rights Watch, que a Polônia e a Romênia estariam sendo sede dessas instalações secretas.

O CICV afirma que há anos solicita do governo norte-americano o acesso a todos os prisioneiros feitos na luta contra o terrorismo. Ontem, um novo pedido foi feito para que a entidade tenha acesso a todo os suspeitos de terrorismo detidos pelos Estados Unidos, seja onde estiverem. O CICV já faz visitas a prisões no Afeganistão, Iraque e em Guantánamo, como ocorreu na semana passada, mas se diz preocupado com a informação de que haja outros presos em locais não revelados publicamente.

Enquanto as organizações pedem esclarecimentos, os países envolvidos nas acusações se apressaram em negar a informação de que pudessem ser base de prisões secretas. Tanto a Polônia como a Romênia deram declarações nesse sentido. Rússia, Bulgária e Tailândia também se recusaram a confirmar a informação.

Em Bruxelas, a UE admitiu que irá apurar a informação, já que a Polônia é integrante do bloco e a Romênia está passando pelo processo de adesão. A Comissão Européia prometeu averiguar o assunto, mas seu porta-voz, Friso Roscam Abbing, acredita que essas prisões não existam.

Insistência

Mas caso as suspeitas e acusações se confirmem, esses países estariam violando regras básicas dos direitos humanos. Na ONU, a presidente do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, Christine Chanet, confirmou que, depois de muita insistência, recebeu na semana passada um relatório do governo norte-americano com informações sobre como os supostos terroristas estão sendo tratados.

"Esse será um tema que certamente trataremos em julho de 2006 durante a avaliação da situação dos direitos humanos no governo americano", afirmou Chanet. Segundo ela, a ONU considerará os argumentos de Washington, mas também levará em conta as informações levantadas por organizações não-governamentais.

Outro perito do Comitê da ONU, Ivan Shearer, teme que os Estados Unidos simplesmente se recusem a responder alegando que a entidade não tem o mandato para indagar um país sobre o assunto.

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