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Apelo

Jornalista ferida pede ajuda para sair do país

Imagem de vídeo em que repórter francês pede socorro

A jornalista francesa Edith Bouvier, 31 anos, gravemente ferida no ataque que matou dois colegas em Homs na quarta-feira, fez um apelo ontem, por meio de um vídeo postado na internet, para ser resgatada.

A repórter do jornal Le Figaro pediu um cessar-fogo, a fim de permitir a entrada de ambulância ou "de um veículo em bom estado" para levá-la ao Líbano. "Minha perna está fraturada. O fêmur está quebrado na vertical e na horizontal. Preciso de uma cirurgia o mais rápido possível", disse Bouvier.

A gravação mostra Bouvier deitada, coberta com um edredom, em um abrigo de opositores ao regime. No vídeo, aparece ainda o fotógrafo francês William Daniels, que trabalha para Le Figaro Magazine.

Os dois estavam no bombardeio que matou a repórter americana Marie Colvin, veterana em cobertura de guerras pelo britânico Sunday Times, e o fotógrafo francês Remi Ochlik, da revista Paris Match.

A comissão de investigação da ONU sobre a Síria, presidida pelo professor brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, listou os responsáveis do regime por "crimes contra a humanidade", o que abre caminho para que sejam julgados por cortes internacionais.

Em seu segundo relatório, di­­vulgado ontem, a comissão disse ter entregue a lista em um envelope lacrado à ONU, mas não está claro se o nome do ditador Bashar Assad está entre os acusados e nem qual será o encaminhamento dado pelas Nações Unidas.

"O Conselho de Direitos Hu­­manos nos pediu que identificássemos autores responsáveis por crimes contra a humanidade", disse Pinheiro.

Segundo ele, é o povo sírio quem deve decidir o que ocorrerá com essas pessoas. "É claro que, como ocorreu na América Central e na América do Sul, órgãos internacionais poderão ajudar no trabalho de responsabilização por esses crimes."

O relatório de 20 páginas, preparado pela comissão, é uma atualização do primeiro texto, entregue em 28 de novembro.

E, segundo Pinheiro, o que mais impressionou o grupo foi "a continuidade das violações, o aumento da intensidade e o progressivo recurso às armas" no país. "O go­­verno não fez nada para frear essa violência", afirma. Se­­gundo Pi­­nheiro, até junho de 2011, as manifestações foram pacíficas, mas o regime sírio respondeu "de uma maneira tão brutal", que gerou mais violência do outro lado.

Esse é outro ponto importante do relatório: o crescimento da violência dos opositores. "Os grupos antigoverno também cometeram abusos, mas não em escala e organização comparável aos cometidos pelo Estado", diz o texto.

Entrevista - Abdo Dib Abage, cônsul honorário da Síria no Paraná e Santa Catarina"Se Assad se candidatasse em eleições livres, venceria"

O cônsul honorário da Síria no Paraná e Santa Catarina, Abdo Dib Abage, respalda a postura do governo de Bashar Assad, que, segundo ele, está apenas se defendendo dos ataques que recebe. Abage é filho de sírios e nasceu no Brasil. Ele já esteve na terra dos pais seis vezes e teve que cancelar a próxima viagem devido aos conflitos no país. O cônsul conversou por telefone com a reportagem da Gazeta do Povo.

Os pró-Assad argumentam que não é o povo sírio que ataca as forças do governo. Quem, então, combate os soldados de Assad?

O território sírio está sendo atacado por terroristas, por rebeldes e por mercenários que estão entrando através da Turquia, de uma parte do Líbano e de Israel. Essas forças é que têm provocado esse tumulto todo na Síria, porque o povo sírio não tem todo esse armamento, para desafiar o governo.

Quem financia os ataques?

Quem paga são as forças ocidentais, a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], Estados Unidos, França, Inglaterra. A Síria está sendo atacada por forças estranhas, 80% não são de dentro do país.

Assad não cogita passar o poder nem mesmo a alguém de sua confiança. Ele pretende permanecer no poder?

Na verdade, ele não pretende permanecer. Se o povo sírio entende que ele não deve sair, ele concorda em se submeter a um novo plebiscito. Eu comungo da ideia de que se ele se candidatasse em eleições livres, hoje, venceria, sem dúvida nenhuma.

A ONU declarou que tem uma lista de políticos e militares sírios que cometeram "crimes contra a humanidade". O que o governo Sírio tem a dizer sobre isso?

Isso é muito discutível, é muito difícil saber quem está matando quem. O governo sírio se defende porque está sendo atacado. Os rebeldes estão atacando com armas também poderosas. Então, é difícil evitar que haja perdas, seja de crianças, de velhos, de soldados. É o único país que ainda defende a causa palestina. Eles querem tirar a Síria definitivamente do caminho para tomar conta do pouco que sobrou do Oriente Médio.

Se a imprensa internacional pudesse atuar mais na Síria, sem tantas restrições do governo, não poderia haver mais testemunhas para o mundo do que está acontecendo lá?

É difícil julgar porque não deixam uma parte significativa da imprensa adentrar o território da Síria; deve ter algum motivo especial. A imprensa não é dominada pelos árabes, mas pelo mundo ocidental. O julgamento do governo sírio é que se pessoas da imprensa estrangeira entrarem à vontade, como o mundo ocidental está querendo, a história vai ser contada de maneira errada.

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