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Os radicais estão com armas automáticas e granadas lançadas por foguete | REUTERS/Stringer
Os radicais estão com armas automáticas e granadas lançadas por foguete| Foto: REUTERS/Stringer

Depois de uma semana de cerco e diversas tentativas de negociação fracassadas, forças paquistanesas lançaram uma operação no começo desta terça-feira (horário local) para retirar radicais de uma mesquita sitiada, informou o Exército. Cerca de 30 crianças e 24 mulheres escaparam com vida durante o tiroteio no complexo situado no centro de Islamabad, onde ficam a Mesquita Vermelha e uma madrassa (escola religiosa) para meninas. Segundo os militares, as forças paquistanesas mataram cerca de 50 pessoas. Oito soldados foram mortos e 29 ficaram feridos. Cinquenta militantes foram capturados ou se renderam.

Extremistas criaram uma última barreira no porão da mesquita, e o porta-voz militar major-general Waheed Arshad disse que o clérigo Abdul Rashid Ghazi havia se escondido na área.

A ação para encerrar o impasse de uma semana na mesquita continua em progresso, depois de 10 horas de seu início.

- Há combates intensos. Os radicais estão tomando posições em quase todos os espaços - afirmou o porta-voz.

De acordo com ele, há mais de 70 ambientes no complexo da mesquita. Os radicais estão com armas automáticas e granadas lançadas por foguete.

- Não esperávamos uma resistência dessas - disse ele.

"Não posso dizer quanto tempo vai levar" para acabar a operação. Segundo o general, as forças acreditavam a princípio que a operação duraria entre três e quatro horas.

Não está claro quantas mulheres e crianças estão ainda estão no local, mas, mais cedo, oficiais disseram que poderiam ser centenas.

Com as mortes na operação, a ocupação do templo - que começou na terça-feira da semana passada, com atritos entre estudantes armados e forças do governo -já provocou ao menos 70 mortes. Forças de segurança cercavam o local desde o início dos conflitos. O ministro da informação paquistanês, Tariq Azim Khan, disse à rede de TV americana CNN que o governo espera libertar os cerca de 300 reféns o mais rápido possível:

- Nós fizemos nosso melhor para resolver esse problema amigavelmente. Não temos escolha a não ser o uso da força, que sempre mantivemos como última opçã - disse ele.

Na segunda-feira, oficiais e religiosos tentaram permitir às mulheres e crianças abrigadas dentro do complexo que saíssem durante as negociações que se arrastaram ao longo da semana. Buracos foram abertos nas paredes externas do local.

O governo diz que as crianças foram coagidas ou convencidas a ficarem para trás a fim de funcionarem como escudos humanos para os combatentes. Segundo autoridades, havia na escola religiosa Jamia Hafsa entre 200 e 500 seguidores de um movimento radical semelhante ao Talibã.

Na sexta-feira, dois estudantes que ocupavam a mesquita foram mortos e o avião do o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, foi atacado a tiros, mas não foi confirmada qualquer ligação entre os dois casos. No sábado, Musharraf deu um ultimato aos rebeldes:

- À aqueles que permanecem na mesquita, eu peço que se rendam. Se não o fizerem, serão mortos. Eles precisam render-se - disse.

No domingo, quando os conflitos se agravaram e um oficial foi morto, as autoridades recorreram a alto-falantes para comunicar o que disseram ser um novo ultimato. O clérigo Abdul Rashid Ghazi, da Mesquita Vermelha, e seus combatentes ignoraram os apelos e disseram que esperavam que suas mortes servissem de estopim para uma revolução islâmica no país.

O irmão de Ghazi, Maulana Abdul Aziz - principal clérigo da Mesquista Vermelha - foi capturado na quarta-feira quando tentava fugir da mesquita vestido com uma burca - traje usado por mulheres muçulmanas.

Autoridades do governo e oficiais das Forças Armadas afirmam que um grupo de 50 a 60 combatentes lidera a ação e que a maior parte das pessoas presentes ali é formada por mulheres e crianças.

Cerca de 1.200 estudantes deixaram a mesquita pouco após o início dos combates. Depois disso, quase ninguém saiu do templo, onde estimava-se que ainda houvesse cerca de 300 reféns. Autoridades afirmam que os radicais distribuíram coletes com bomba e até atiraram contra estudantes que tentaram fugir do local.

A violência teve início na terça-feira quando cerca de 150 estudantes radicais islâmicos atacaram uma unidade da polícia perto da mesquita. Conflitos de rua, então, eclodiram, com a polícia jogando bombas de gás lacrimogêneo nos estudantes, que revidaram com armas e pedras. Eles se refugiaram na mesquita onde acontecia um seminário de mulheres. O grupo pede a instauração da lei islâmica e de regras semelhantes às do governo Talibã.

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