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Henrique Caprilles, um dos principais líderes da oposição venezuelana, chegando para uma coletiva em caracas | NACHO DOCE/REUTERS
Henrique Caprilles, um dos principais líderes da oposição venezuelana, chegando para uma coletiva em caracas| Foto: NACHO DOCE/REUTERS

A oposição venezuelana está mais perto de atingir a marca de dois terços de representantes no Legislativo, em uma dura derrota para o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), em meio à crise econômica nacional.

A coalizão oposicionista Mesa da Unidade Democrática assegurou pelo menos 107 das 167 cadeiras da Assembleia Nacional, enquanto o PSUV obteve 55, segundo os números mais recentes do Conselho Eleitoral Nacional.

Venezuela aponta um “ciclo à direita”

A vitória da oposição nas eleições parlamentares da Venezuela, no último domingo (6), fortalece a tese de esgotamento da “onda vermelha”, ciclo político de centro-esquerda que predominou nos principais governos da América Latina, nos últimos 15 anos.

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Duas vagas ainda não estão definidas e há três para representantes apartidários dos indígenas. De acordo com a oposição, esses cinco representantes se alinharão a ela, de acordo com informações de agências estaduais eleitorais e outras fontes.

Ninguém no governo contestou as alegações da oposição, ainda que a autoridade federal eleitoral não tenha publicado os resultados completos. Adversários políticos e o governo dos EUA têm dito que Caracas deve divulgar logo as informações restantes.

Independentemente do quadro final, o resultado já é um terremoto político para a oposição e o chavismo, movimento político fundado pelo falecido presidente Hugo Chávez. Com a nova configuração, a oposição tem poderes para realizar emendas na Constituição, nomear membros na Suprema Corte ou até convocar um referendo sobre o possível fim do mandato de Maduro e para convocar novas eleições.

Isso poderia, obviamente, gerar mais confrontos políticos, em um país já muito dividido.

Situação econômica

A economia venezuelana sofre com o declínio dos preços do petróleo. Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve encolher 10%, após recuar 4% no ano anterior, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A maioria dos economistas prevê que no próximo ano a economia venezuelana encolha cerca de 6%, no que seria a pior contração no país desde a Grande Depressão.

A inflação, enquanto isso, está na casa dos 200% ao ano e previsões apontam que pode atingir entre 350% e 800% em 2016. Há problemas com falta de alimentos, uma moeda que perdeu 81% de seu valor em 2015 e o mercado paralelo, além da segunda maior taxa de homicídios no mundo.

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Embora as eleições legislativas da conturbada Venezuela tenham decorrido em exemplar normalidade, distante do “choque de trens”que se previa, a acachapante vitória das oposições, da Mesa de Unidade Democrática, longe de solução pelas urnas projeta o país para insondável cortejo de incertezas.

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Entre os passos que podem ajudar a estabilizar a economia estaria elevar o preço da gasolina mais barata do mundo, eliminando subsídios que custam ao governo cerca de US$ 12 bilhões ao ano. Também deve haver mudanças no sistema cambial, que produziu quatro taxas de conversão do dólar, e afrouxar os controles de preços, que ajudam os pobres, porém geram desabastecimento.

Maduro, porém, tem evitado adotar essas medidas. Para o governo, a vitória opositora foi parte de uma “guerra econômica” lançada por companhias e interesses estrangeiros, e não erros no gerenciamento do quadro.

Mudanças estruturais

Com dois terços, a oposição poderia convocar uma Assembleia Constituinte e reescrever a Constituição. Para organizar um referendo popular sobre o presidente, porém, seria preciso recolher assinaturas de 20% dos 19 milhões de eleitores venezuelanos registrados, o que abriria caminho para uma nova eleição.

A oposição diz, por ora, que o primeiro passo é agir para resolver problemas como o desabastecimento e as longas filas para comprar alimentos.

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