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Líderes de vários países participam de ato em memória de Chávez. Cerimônia reuniu de príncipe a ditadores | Presidência da Venezuela/Reuters
Líderes de vários países participam de ato em memória de Chávez. Cerimônia reuniu de príncipe a ditadores| Foto: Presidência da Venezuela/Reuters

"Mitos"

Lenin e Mao Tsé-tung também foram embalsamados

A decisão do governo venezuelano de embalsamar o corpo do ex-presidente Hugo Chávez já foi adotada por outros líderes mundiais. Dentre os embalsamados, estão o soviético Vladimir Lenin, o chinês Mao Tsé-tung e os norte-coreanos Kim Il-sung e Kim Jong-il, todos comunistas.

Especialistas dizem que a intenção da Venezuela é perpetuar o culto ao líder bolivariano. "Com sua morte, esta presença e este carisma que, para bem ou mal, preenchiam os vazios do dia do venezuelano, perde uma força importante", afirma Juan Carlos Triviño, cientista político da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona.

O professor de ciência política da Universidade de Hong kong, Joseph Cheng, diz que é possível criar diversos mitos para fortalecer o apoio do povo às políticas do governo. "Certamente querem garantir que o líder continue sendo um símbolo para a história."

  • Lula e a presidente Dilma (de preto) no velório de Chávez

Enquanto os venezuelanos assistiam em cadeia nacional de rádio e TV à principal cerimônia fúnebre para Hugo Chávez, a Justiça do país chancelou ontem a decisão do governo de juramentar o vice Nicolás Maduro como presidente interino e permitir que ele, no cargo, seja candidato na próxima eleição.

A sentença foi rejeitada pela coalizão da oposição, para quem ela viola a Constituição.

O governador e provável candidato à Presidência pelos antichavistas, Henrique Capriles, classificou-a de "fraudulenta". "O juramento de Maduro é espúrio", disse Capriles, que convocou a imprensa para comentar a decisão.

A MUD, que reúne os partidos de oposição, decidiu que a bancada da oposição não participaria da sessão de posse de Maduro na Assembleia Nacional ontem à noite, aumentando o nível de confrontação política que nem o luto oficial pela morte de Chávez foi capaz de conter.

Mais tarde, no entanto, os opositores mostraram um racha. Parte dos deputados disse que compareceria à sessão. Na TV opositora Globovisión, o deputado Pedro Pablo Fernández afirmou que deixar a Assembleia reproduziria o erro da oposição em 2005, quando boicotaram as eleições.

Pelo artigo 233 da Constituição, sobre como proceder em caso de morte de um presidente eleito, a Carta diz que quem deve assumir interinamente até que novas eleições sejam convocadas é o presidente da Assembleia.

Para os opositores e muitos constitucionalistas é essa a norma que deveria ser seguida agora, já que Chávez não tomou posse para o mandato até 2019.

Os opositores argumentam ainda que a decisão viola o artigo 229, que determina que um vice-presidente não pode ser candidato. Para eles, o fato de Maduro ser vice "encarregado" não exclui seu status de vice.

FuneralCerimônia reúne líderes de vários países e celebridades

A cerimônia oficial em memória do presidente venezuelano, Hugo Chávez, reuniu cerca de 30 chefes de Estado de diversas partes do mundo e ideologias, além de celebridades, como o ator Sean Penn e o reverendo Jesse Jackson, e serviu de palco para que o presidente em exercício, Nicolás Maduro, se apoderasse do discurso e da herança política de seu padrinho.

A cerimônia oficial durou aproximadamente duas horas. Entre os chefes de Estado presentes estavam o presidente de Cuba, Raul Castro; o do Irã, Mahmoud Ahmadinejad; o ditador de Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, apontado como um dos mais corruptos do mundo. A presidente Dilma Rousseff esteve no velório na noite de quinta-feira, mas retornou ao Brasil e não participou da cerimônia de ontem.

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