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Agricultores, pecuaristas e partidos de oposição ao governo do presidente Evo Morales preparam para os próximos dias uma marcha contra uma lei sobre terras e recursos legais na nova lei da Constituinte da Bolívia.

Evo Morales aprovou, na quinta-feira passada no Congresso e sem o apoio de empresários, uma reforma da lei agrária do país, principal medida para a chamada ``revolução agrária'' que o presidente boliviano pretende fazer.

``Na terça-feira, vamos às ruas para dizer não à nova lei de terras com uma marcha de Warnes a Santa Cruz de la Sierra (cerca de 60 quilômetros). Também podemos garantir que essa lei será rejeitada pelo Senado'', disse no domingo Mauricio Roca, presidente da Confeagro, grupo de produtores agropecuários.

O Movimento Al Socialismo (MAS), partido político de Morales, também é maioria na Assembléia Constituinte, com sede na cidade de Sucre, e aprovou a lei de votação ao texto da nova Constituição da Bolivia.

``Já se deram conta de que nosso projeto não é hegemônico e também não busca estabelecer que Bolívia seja um Estado comunista nem indígena'', argumentou Carlos Romero, membro do MAS.

O documento estabeleceu que só a maioria absoluta dos constituintes poderia aprovar cada artigo de um novo texto e para o texto final seria necessário o voto de dois terços dos congressistas. A oposição defende que tanto os artigos separados quanto o texto inteiro devam passar pela aprovação de dois terços dos membros das assembléias.

A aprovação do polêmico artigo 71, da ``lei de debates'' demorou mais de três meses, enfrentando trancamento da pauta e dois recursos legais que foram rejeitados pela Corte Suprema e pelo Tribunal Constitucional.

A assembléia tem até agosto de 2007 para apresentar a nova Constituição com a qual Evo Morales pretende ``refundar'' a Bolívia e consolidar as reformas econômicas e políticas, incluindo a nacionalização da energia, que vem estimulando desde que assumiu a Presidência, em 22 de janeiro.

A chefe da bancada do MAS, Mirtha Jiménez, descartou neste domingo qualquer possibilidade de reconsiderar o artigo 71, além de assegurar que uma possível assembléia paralela não avançará e seu partido trabalhará com forças compatíveis.

No entanto, o magnata do setor da construção Samuel Doria Medina, chefe do partido Unidad Nacional e que somente oito constituintes pretendia a aprovação de dois terços de todos os artigos, incentivou uma greve de fome entre seus correligionários, que prossegue na Bolívia.

``Somente acabarei com meu jejum quando se cumprir dois terços...'', disse Doria à Reuters, negando que a greve de fome, iniciada na última quarta-feira, corresponda a cálculos para aumentar poder político.

Doria segue em jejum voluntário desde quarta no salão do teatro Mariscal Sucre, cenário da assembléia Constituinte.

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