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Partidários do líder oposicionista Alassane Ouattara planejam realizar nesta sexta-feira (17) uma passeata para tentar ocupar o prédio da emissora estatal de rádio e TV da Costa do Marfim, o que causa temores de mais violência em meio à disputa sobre o resultado da eleição presidencial de novembro.

Pelo menos dez manifestantes morreram na quinta-feira tentando ocupar o prédio, onde foram rechaçados por tropas governistas que usaram munição real. No centro de Abidjã, principal cidade do país, militantes pró-Ouattara trocaram tiros com as forças leais ao presidente Laurent Gbagbo.

A ONU, a União Africana, o bloco regional Ecowas, os EUA e a França, entre outros, reconhecem a vitória eleitoral de Ouattara e pressionam Gbagbo a renunciar. As autoridades eleitorais deram a vitória ao oposicionista com uma margem de quase 10 pontos percentuais, mas Gbagbo alegou que houve fraude a favor de seu adversário no norte do país, e um tribunal leal ao governo reverteu o resultado.

O país, maior produtor mundial de cacau, ficou dividido por uma guerra civil em 2002/03, e há temores de que a disputa eleitoral provoque um novo conflito.

'Vamos continuar com as passeatas', disse Patrick Achi, porta-voz de Ouattara, por telefone, depois dos incidentes de quinta-feira.

Mas, na manhã desta sexta-feira, uma testemunha da Reuters disse que havia poucos sinais de reunião dos manifestantes nas ruas de Abidjã, que estavam muito mais tranquilas do que o habitual. Muitas lojas permaneceram fechadas, e havia pouco tráfego nas ruas.

O governo diz que pelo menos 20 pessoas morreram nos protestos de quinta-feira em Abidjã, sendo dez manifestantes e dez soldados e policiais. O governo paralelo comandado por Gbagbo disse que 14 manifestantes foram mortos.

Em Tiebissou, na região central do país - bem no limite entre as zonas dominadas por rebeldes no norte e as áreas governamentais do sul -, um tiroteio entre forças ligadas aos dois candidatos durou várias horas.

A tensão na Costa do Marfim fez com que o cacau atingisse na semana passada sua maior cotação em quatro meses. Na quinta-feira, o contrato futuro para março era negociado em Nova York a 3.003 dólares por tonelada, alta de 24 dólares.

Se a situação se deteriorar, todos os olhos se voltarão para a força de paz da ONU no país, um contingente de cerca de 10 mil soldados e policiais. Essa força tem mandato para proteger civis, mas disse que dar segurança à passeata não é parte das suas tarefas.

Uma delegação da União Africana vai nesta sexta-feira a Abidjã para tentar mediar a crise, mas o bloco já disse que não considera aceitável um acordo para a divisão de poderes, como aconteceu após uma crise semelhante em 2007 no Quênia.

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