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O enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, irritou os opositores do regime de Bashar al-Assad ao sugerir reformas políticas para acabar com a crise no país. O ex-secretário-geral das Nações Unidas chega a Damasco no sábado para tentar convencer o governo a acabar com a violência. O opositor Conselho Nacional da Síria (CNS), no entanto, já rejeitou a proposta de diálogo de Annan.

"(Precisamos) Encontrar um caminho para desenvolver reformas políticas e avançar", disse Annan durante um encontro no Cairo na quinta-feira.

Annan não precisou nem chegar à Síria para ter sua proposta rejeitada por opositores. O líder do CNS, Burhan Ghalioun, disse que acordo político sem pressão militar sobre Assad é fora da realidade e classificou como "decepcionantes" as propostas do ex-secretário-geral da ONU. O Conselho é considerado o principal grupo opositor sírio e foi reconhecido pelo Reino Unido como um representante legítimo do povo da Síria.

O plano de Annan não foi só rejeitado pelo CNS. Vários ativistas sírios demonstraram sua insatisfação com as propostas de reforma política, dizendo que o apelo do enviado da ONU só incentiva ainda mais o regime a "esmagar a revolução".

"Rejeitamos qualquer forma de diálogo enquanto os tanques continuam a bombardear nossas cidades, francoatiradores disparam em nossas mulheres e filhos e áreas são isoladas do mundo e deixadas pelo regime sem eletricidade, comunicação e água", disse o ativista Hadi Abdulá à Reuters.

O imbróglio entre ativistas e o representante da ONU para a crise síria acontece justamente em um momento da revolta em que os esforços diplomáticos têm se concentrado na questão da ajuda humanitária. Um ano após o início do levante contra Assad, várias partes da Síria carecem de comida, água e medicamentos, relatam ativistas.

Um dia após o vice-ministro do Petróleo renunciar e se juntar à oposição, dois generais do alto escalão do Exército sírio e um coronel desertaram e fugiram para a Turquia, segundo a imprensa turca.

Ao contrário do que aconteceu na Líbia, até agora poucos funcionários do governo abandonaram seus cargos na Síria. Um ano após os protestos eclodirem na cidade de Deraa e se espalharem pelo país, o regime continua a mostrar sua solidez. Mesmo as deserções de militares não chegam a assustar Damasco, dizem analistas.

A chefe humanitária da ONU, Valerie Amos, também esteve na Síria nesta semana. Em visita ao bairro de Baba Amro, o mais atingido pelos bombardeios a Homs, Valerie se disse "horrorizada" e descreveu o local como "devastado" e praticamente deserto. Valerie chegou nesta sexta-feira à Turquia, onde visita refugiados sírios.

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