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CARACAS — A maioria dos 112 deputados da oposição eleitos nas eleições parlamentares, incluindo três impugnados provisoriamente, escolheram neste domingo o veterano Henry Ramos Allup como presidente da nova Assembleia Nacional, que tomará posse na terça-feira na Venezuela. Aos 73 anos e há dez anos fora do Parlamento, Allup — que substituirá Diosdado Cabello, número dois do chavismo — foi eleito em 6 de dezembro pelo distrito de Caracas. Um dos fundadores do Ação Democrática, ele é um dos mais antigos e respeitados políticos do país, e um dos nomes mais controversos na oposição por seu gênio forte. Ele recebeu 62 votos; Julio Borges, do Primeiro Justiça, teve 49.

Após a votação, Allup, que costuma ser criticado pelo presidente Nicolás Maduro com frequência, disse que será deputado também para os “que não votaram neles”.

— Temos que dar a democracia seu verdadeiro significado que é o respeito à maioria e o respeito à minoria. Aqui não há hegemonias. Todos somos Venezuela.

Mais cedo, o secretário-executivo da Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesus Torrealba, convidou os venezuelanos a caminharem na terça-feira com os 112 deputados da coalizão da estação de metrô de La Hoyada até a Assembleia Nacional, a partir das 10h. O governo, por sua vez, chamou os cidadãos para uma grande manifestação a partir das 9h (horário local), sob o lema “Os de Chávez nas ruas”.

Convidado pela MUD, o ex-presidente colombiano Andrés Pastrana estará presente na cerimônia. O político — que também esteve na Venezuela nas eleições parlamentares — chegará nesta segunda a Caracas.

A tensão política aumentou no país na semana passada, quando o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou como “procedente” um recurso cautelar do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), ordenando, de maneira provisória e imediata, a suspensão de todos os deputados eleitos no estado do Amazonas, dentre eles três opositores. Com isso, a MUD ficaria sem a poderosa maioria de três terços no Parlamento, que lhe permite, entre outras coisas aprovar leis habilitantes ou modificar leis orgânicas e investigar e até destituir funcionários.

— A decisão do povo está acima de qualquer manobra judicial que o governo tente aplicar — disse Torrealba, que pediu que os venezuelanos coloquem a bandeira nacional hoje à noite nas janelas, em respaldo ao resultado das eleições. — A decisão não deve ser tomada pelo TSJ, mas pelo povo. Vamos fazer a vontade soberana ser respeitada.

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