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“É incompreensível ver como os países da América Latina nos dão as costas”, diz Corina | Fernando Bizerra Jr./Efe
“É incompreensível ver como os países da América Latina nos dão as costas”, diz Corina| Foto: Fernando Bizerra Jr./Efe

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Ex-deputada argumenta que sua destituição do cargo foi ilegal

Na semana passada, o presidente do Legislativo venezuelano, o chavista Diosdado Cabello, anunciou a destituição da então deputada por ter ido à Organização dos Estados Americanos (OEA) supostamente como representante do Panamá, contrariando artigo da Constituição que exige uma autorização prévia do Parlamento.

Corina nega a irregularidade e afirma que foi à OEA na condição de deputada, versão corroborada pelo secretário-geral da organização, o chileno José Miguel Insulza. Na audiência em Brasília, Corina afirmou que sua destituição foi ilegal e que ainda se considera deputada. "As únicas maneiras de destituir [um deputado] são por morte, renúncia, referendo revocatório ou sentença de um tribunal depois da garantia de defesa. Nada disso ocorreu, portanto sou deputada", disse. Durante a audiência ocorrida ontem no Senado brasileiro, o parlamentar Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que vai propor um voto de repúdio ao governo Maduro.

2 mil presos, 700 feridos, 62 casos de tortura e 115 denúncias de jornalistas agredidos e detidos foram os números das oito semanas de protestos na Venezuela, apresentados ontem por Corina no Senado brasileiro.

Trilogia

María Corina Machado, Henrique Capriles e Leopoldo López formam, segundo Maduro, a "trilogia do mal", designada supostamente pelos EUA para formar uma "junta de transição" após sua eventual derrocada.

A deputada cassada venezuelana María Corina Machado comparou ontem o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro com a ditadura militar brasileira (1964-1985), fazendo referência aos 50 anos do golpe militar, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

"Pelas circunstâncias da vida, venho por acaso na hora em que seu país completa 50 anos do início da ditadura. Sei que ficaram muitos sentimentos dolorosos para sua pátria, como das famílias destruídas, das torturas. Isso nos une, porque é precisamente o que a Venezuela está vivendo agora", afirmou, logo no início de seu discurso.

E definiu: "Estamos vivendo em um regime sem escrúpulos que não hesitou em calar as vozes dos cidadãos".

Um grupo de cerca de dez manifestantes ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) protestou no início da audiência, aos gritos de "golpista", e impediu que ela falasse. Eles foram retirados da sala pelos seguranças do Senado.

A deputada cassada afirmou que a atual onda de protestos na Venezuela é um "movimento cívico inédito", ao qual o regime de Maduro "tomou a decisão de reprimir brutalmente", comparando-o novamente às ditaduras do século 20 na América Latina. Corina pediu ajuda ao Brasil na solução da crise na Venezuela.

"Nossos Estados são signatários da carta democrática interamericana, que estabeleceu compromissos coletivos entre os países deste hemisfério para a defesa da democracia na região. Para os venezuelanos é incompreensível ver como os países da América Latina foram tão ativos com crises politicas como no Paraguai e Honduras e, frente ao ocorrido na Venezuela, nos dão as costas. O que tem que ocorrer? Quantas mais violações aos direitos humanos, quantos mais venezuelanos assassinados para que os democratas do hemisfério escutem nossa voz?", questionou.

Presidente Nicolás Maduro critica os EUA no New York Times

Em artigo publicado no jornal The New York Times, o presidente venezuelano Nicolás Maduro criticou o governo dos EUA e pediu que o "povo americano" não puna a Venezuela com sanções. Ele também fez um apelo à paz e criticou a mídia internacional por "distorcer a realidade" dos protestos. Segundo Maduro, há nos EUA uma "narrativa" do governo na qual "os manifestantes são amplamente descritos como ‘pacíficos’, enquanto o governo é violento e repressor". Maduro diz que o governo americano apoiou o golpe de 2002 contra o então presidente Hugo Chávez e que a administração Obama gasta US$ 5 milhões (R$ 11,4 milhões) para financiar a oposição na Venezuela. A Conferência Episcopal da Venezuela, na figura do monsenhor Diego Padrón, acusou Maduro de tentar impor um governo totalitário com a desculpa de defender ideal chavista.

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