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Bruxelas – Nem órfãos, nem de Darfur – é o que conclui relatório divulgado ontem pelas Nações Unidas e a Cruz Vermelha Internacional. Todas as 91 das 103 crianças resgatadas no dia 18 pela polícia do Chade do avião fretado em que seriam levadas para a França viviam com pelo menos um adulto tido por pai ou mãe. Vilarejos pobres próximos à fronteira com o Sudão, onde fica a região conflagrada de Darfur, são apontados como origem provável de 85 dos pequenos.

As duas organizações investigam agora se as crianças – 24 meninas e 82 meninos entre um e dez anos – foram seqüestradas ou levadas à Arca de Zoé, ONG francesa que organizou a operação, pelos próprios pais. Apresentadas como "órfãos de Darfur", elas seriam entregues a famílias belgas e francesas, que pagaram entre 2.800 e 6.000 euros como "doação" para auxiliar no transporte.

Adoções internacionais são proibidas no Sudão e no Chade. A ONG, que não fala em "adoção", alega ter tentado embarcar as crianças por razões humanitárias. O avião que as transportaria da cidade chadiana de Abéché para Paris tinha tripulação espanhola.

Reação

O caso repercute por toda África, reforçando politicamente governos mais acostumados a serem criticados pelos europeus do que o contrário. A República do Congo comunicou a suspensão de adoções internacionais em seu território.

Protesto contra a Arca de Zoé reuniu milhares de pessoas em Cartum, capital sudanesa. Os manifestantes, estimulados pelo governo, chamaram de "hipócrita" a defesa de direitos humanos pelo Ocidente. Foi um revés político para os rebeldes de Darfur, que defendem presença estrangeira no Sudão para conter as milícias árabes apoiadas por Cartum.

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