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Em setembro deste ano, diante de uma plateia com cerca de cem jornalistas especializados em religião, o arcebispo de Denver, Charles Chaput, disse que os repórteres entendiam muito mal o modo como a Igreja Católica lida com questões de ortodoxia e dissidência. E explicou: os veículos de comunicação frequentemente usam palavras como "grupo católico progressista" para designar entidades que já nem podem ser chamadas de católicas, pois defendem plataformas distantes e às vezes opostas à fé professada pelos católicos.

A Igreja não é totalmente monolítica; dá liberdade a fiéis e teólogos para discutirem uma série de assuntos. Alguns interessam apenas aos especialistas, como a recente discussão sobre a existência do "limbo das crianças" (o local para onde iria a alma das crianças não batizadas). Outras controvérsias são mais conhecidas: o celibato obrigatório aos sacerdotes de rito latino, por exemplo, pode ser contestado (embora o Vaticano tenha pedido que a discussão seja mais reservada, devido ao risco de distorções), afinal o clero de rito oriental e os ex-pastores protestantes que se convertem ao Catolicismo podem ser casados. Na questão litúrgica, há liberdade para se preferir a missa tridentina – que era o padrão antes de 1969 – ou a missa de Paulo VI, aquela que a maioria das pessoas conhece.

Já outros temas tocam a doutrina católica, e não sua disciplina ou rituais. Em assuntos como aborto, moral sexual e sacramentos, a dissidência não é sequer legítima. Assim, chamar de "católicas" entidades como as Católicas pelo Direito de Decidir (CDD, que milita pela legalização do aborto) é um erro, já que não se trata de uma plataforma aceita dentro da Igreja. Colocar a CDD e o "Nós Somos a Igreja" no mesmo nível de grupos tradicionalistas (desde que não rejeitem o Concílio Vaticano II), entidades que defendam apenas o fim do celibato obrigatório ou uma hipotética associação de teólogos contra o "limbo das crianças" seria totalmente inadequado, já que estes últimos se movimentam dentro dos limites garantidos pela Igreja para a discussão teológica e pastoral, enquanto aqueles outros já estão totalmente fora dos critérios que constituem a catolicidade, um dos quais é a adesão incondicional à doutrina.

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