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Ampliar e aprimorar os esforços na prevenção do HIV/Aids deve ser uma prioridade na América Latina, que corre o risco de ter até 2,5 milhões de novas pessoas infectadas até 2015 se não forem tomadas medidas urgentes, disse o diretor de Iniciativas Globais do Programa de Aids das Nações Unidas (Unaids).

Para Luiz Loures, ao se considerar o que aconteceu do ponto de vista de tratamento nos últimos anos, se vê que houve um progresso importante, ainda que limitado, na região. Ele ressalta, no entanto, a existência de um paradoxo: avanço de tratamento por um lado, mas atraso nas ações de prevenção de outro.

Loures lembra que na América Latina o acesso a tratamento com anti-retrovirais chega a quase 70%, apesar de reconhecer que ainda há muito a fazer. Entretanto, na questão da prevenção, a região está ficado para trás e carece de ações específicas e intensas.

Segundo ele, o estimado é que se não houver uma reação, provavelmente a região pode ter até 2,5 milhões de novas infecções até 2015, um número maior do que o total de pessoas que vivem atualmente com HIV/Aids na América Latina e Caribe, que chega a 2 milhões.

- Por outro lado, se houver uma intensificação nas ações de prevenção, levando a prevenção para uma escala muito mais ampla, mudando a qualidade dos programas, associados à luta contra a discriminação, se isso ocorrer, a nossa estimativa é que se podem evitar 1,5 milhão dessas infecções (na região) - disse Loures na véspera de participar da Conferência Internacional de Aids, em Toronto (Canadá), que está sendo realizada esta semana e vai até sexta-feira.

- O que dizemos é que agora é uma questão de opção, nós sabemos o que fazer, nós sabemos que se pode evitar e podemos colocar inclusive um número aí, uma perspectiva - acrescentou.

Tabus e discriminação

Para Loures, apesar dos altos custos ainda é mais fácil para um governo administrar a questão do tratamento do que os tabus em relação à epidemia.

No caso de usuários de drogas injetáveis, um fator essencial na prevenção da Aids, os governos costumam ter uma política mais repressora do que de provedora de saúde, lembrou. Em relação às mulheres, ele argumentou que o aumento de casos tem raízes na própria condição da mulher na região, que muitas vezes é vítima de sexo forçado quando jovem, de traição no casamento e tem pouco poder de negociar a proteção.

- Isso tem que mudar e para mudar esse tipo de situação eu acho que necessitamos de medidas que, muitas vezes, não são as politicamente mais aceitáveis e mais fáceis de tomar, por isso o desafio é tão grande - disse.

Ele admite as dificuldades na região, por questões históricas e culturais, de se tratar da Aids em relação direta com o sexo da forma aberta necessária.

A influência da Igreja Católica, com grande inserção, é considerada variável por Loures. Para ele, a Igreja tem ações muito positivas na luta contra a discriminação e de apoio às pessoas que vivem com HIV/Aids, mas criticou as dúvidas levantadas em relação à eficácia dos preservativos.

- Nós não esperamos que o preservativo seja distribuído na porta de igreja, não chegamos até aí. Mas esperamos que pelo menos não se crie confusão para a sociedade (...) em relação ao uso do preservativo como proteção em relação à Aids, que é provado cientificamente que pode fazer uma diferença fundamental, uma diferença entre vida e morte - disse.

Apesar da necessidade de avançar na prevenção, Loures disse que a fórmula mais adequada de atacar a disseminação da doença ainda é a combinação prevenção e tratamento, ressaltando a experiência brasileira e seu trabalho pioneiro, entre os países em desenvolvimento, na distribuição gratuita de medicamentos.

- A experiência brasileira é nítida nesse sentido, a melhor forma de se abordar a Aids é atacar com a mesma intensidade as duas frentes. Não restam dúvidas de que essa relação é altamente produtiva, do tratamento com a prevenção - disse.

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