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Al Asiri estava vinculado ao grupo da Al Qaeda que opera no Iêmen, um país destroçado pela guerra civil | Lorenzo Tugnoli/Washington Post
Al Asiri estava vinculado ao grupo da Al Qaeda que opera no Iêmen, um país destroçado pela guerra civil| Foto: Lorenzo Tugnoli/Washington Post

Em meio a todas as controvérsias e escândalos de Washington, um grande sucesso das operações americanas que combatem o terrorismo, no final de agosto, não conseguiu a atenção que merecia: autoridades do governo estão confiantes de que Ibrahim Hassan al-Asiri, o principal fabricante de bombas da Al Qaeda, foi morto durante um ataque de drones dos EUA no final do ano passado. 

Se os relatos forem confirmados - e a cautela é necessária já que informou-se que Asiri tinha sido morto em outra ocasião - ele seria o mais importante terrorista internacional eliminado do campo de batalha desde Osama bin Laden. 

Asiri nasceu na Arábia Saudita, mas estava no Iêmen como líder da filial da Al Qaeda na Península Arábica há muitos anos. Ele foi o cérebro por trás de uma série de dispositivos explosivos que conseguiram escapar dos controles de segurança. Ele era conhecido como um mestre na atividade e era tão inteligente quanto malvado. Sua eliminação deixa o mundo um lugar mais seguro. 

Construção de dispositivos sofisticados

Asiri tinha uma longa história de construção de dispositivos explosivos sofisticados. Em 2009, recrutou o irmão mais novo, Abdullah, para esconder uma dessas bombas no reto em uma tentativa de assassinato contra a principal autoridade de segurança da Arábia Saudita na época, o príncipe Mohammed bin Nayef, que mais tarde se tornou ministro do Interior. 

Abdullah conseguiu se aproximar de Nayef, fingindo ser um terrorista arrependido e detonou o explosivo perto do príncipe. Abdullah foi morto; o príncipe, milagrosamente, teve ferimentos leves.

Mas as ações de Asiri vão muito além desse ataque. Ele também desenvolveu o dispositivo usado pelo nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab no Natal de 2009. O dispositivo foi escondido na cueca de Abdulmutallab, que tentou detoná-lo a bordo de um avião da Delta Airlines, que voava de Amsterdã para Detroit. Apenas a falha de Abdulmutallab em detonar corretamente o dispositivo impediu a morte de 290 pessoas a bordo. 

No final de 2010, Asiri escondeu bombas em cartuchos de impressora projetados para derrubar vários voos de carga para os Estados Unidos. As bombas não foram detectadas pelos scanners tradicionais do aeroporto ou por cães treinados para identificar explosivos. Se não fosse pelo trabalho coordenado de inteligência entre os aliados dos Estados Unidos, isto também teria resultado em vidas americanas perdidas. 

 Em 2012, Asiri mais uma vez colocou seus talentos para o mal e construiu um colete suicida não metálico, que não foi detectado pelos scanners ï»¿de aeroportos. Mais uma vez, o excelente trabalho de múltiplos serviços de inteligência impediu um ataque. Implacável, Asiri até tentou supostamente implantar cirurgicamente suas bombas dentro de corpos humanos. 

Mais recentemente, o fabricante de bombas projetou, com sucesso, dispositivos explosivos que poderiam ser escondidos em equipamentos eletrônicos, o que resultou no atual protocolo da Administração de Segurança de Transporte (TSA, na sigla em inglês)que pede aos passageiros a remoção de laptops e iPads da bagagem de mão enquanto passam pelos controles de segurança no aeroporto. 

A única ressalva para o significado de eliminar Asiri do campo de batalha foi que, durante vários anos, ele treinou ativamente um número desconhecido de outros fabricantes de bombas. Mas, poucos, se é que há alguém, provavelmente têm seu talento e criatividade. 

Trabalho contínuo

A operação bem-sucedida nos EUA mostra que, apesar da política de Washington que domina o ciclo de notícias diárias, os funcionários da comunidade de segurança nacional dos EUA continuam trabalhando duro e efetivamente para manter o país seguro. 

O trabalho continua sendo crítico, pois tanto a Al Qaeda quanto o Estado Islâmico, de acordo com relatório divulgado recentemente pela ONU, mantêm uma força significativa em uma faixa do globo que vai da África Ocidental até o Sudeste da Ásia. O relatório observou que a rede global da Al Qaeda "continua a mostrar resiliência", com seus aliados, mostrando maior força do que o Estado Islâmico em muitas partes do mundo. 

É importante assinalar que a luta dos EUA contra a Al Qaeda no Iêmen, o mais forte e mais perigoso de todos os grupos ligados à Al Qaeda, é distinta do apoio à coalizão árabe que reforça as forças pró-governo na guerra civil do Iêmen, que se arrasta há três anos e resultou em uma das maiores crises humanitárias do planeta. 

Olhando para o futuro, o governo Trump, como fizeram as administrações de George W. Bush e Barack Obama, precisa trabalhar mais com os aliados e parceiros para lidar com as causas subjacentes do terrorismo que criam extremistas em primeiro lugar. O trabalho de contra-radicalização não vai ganhar as manchetes, mas é a única maneira de impedir que a luta contra os extremistas se torne multigeracional. 

Enquanto isso, o governo Trump recebe notas altas por manter a pressão sobre os grupos extremistas existentes.

*Michael Morell foi vice-diretor da CIA de 2010 a 2013.
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