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Ouattara pede ação internacional contra rival na Costa do Marfim

Em entrevista, Ouattara salientou que as sanções econômicas internacionais devem ter como alvo apenas Gbagbo e seus aliados, e não a população do país

Uma ação mais incisiva, possivelmente incluindo o uso da força, é a única forma de fazer Laurent Gbagbo deixar a Costa do Marfim, disse na quinta-feira seu rival Alassane Ouattara, após o fracasso dos esforços de mediação.

Mas, em entrevista, Ouattara salientou que as sanções econômicas internacionais devem ter como alvo apenas Gbagbo e seus aliados, e não a população do país, maior produtor mundial de cacau.

Separadamente, comandantes militares de países da África Ocidental disseram estar de prontidão se forem chamados - embora as nações vizinhas pareçam estar ainda muito distantes de um acordo sobre o uso de força para derrubar Gbagbo, apontado pela comunidade internacional como perdedor da eleição presidencial de 28 de novembro.

"Todos percebem que a única solução é fazer o sr. Laurent Gbagbo sair com outras medidas, inclusive a força", disse Ouattara, um dia depois do fracasso da mediação comandada pelo primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga.

Num alerta às empresas locais, ele disse que quem pagar impostos ao governo de Gbagbo corre o risco de ter de repetir os pagamentos se ele chegar à presidência. "Sei que alguns só estão fazendo isso (pagando impostos) por terem medo (...). Teremos de examinar todas essas questões", ressalvou.

Gbagbo já foi submetido a várias sanções internacionais, e nesta semana a União Europeia decidiu congelar patrimônios e verbas de portos marfinenses, o que pode afetar as exportações de cacau, produto que na quinta-feira atingiu sua maior cotação em cinco meses e meio.

Ouattara não propôs medidas especificas e foi cauteloso quando questionado sobre um eventual embargo ao cacau marfinense. "Todas as medidas que apoiamos devem ter como alvo os responsáveis pela situação: o sr. Laurent Gbagbo, seu governo, seu séquito (...). Mas quero poupar a grande maioria da população", disse ele à Reuters.

"Então, sim às sanções econômicas. Mas estudemos ao longo de qual período e contra quem, para não tornar a situação pior", afirmou ele no hotel de Abidjã onde vive sob proteção das tropas da ONU e sob cerco das forças leais a Gbagbo.

Gbagbo precisa de cerca de 100 milhões de dólares por mês só para pagar os salários dos funcionários públicos e militares, mas seus assessores dizem que ele continua se beneficiando das exportações de cacau e tem acesso às contas do governo no Banco Central regional da África Ocidental.

Mas o governo deixou de pagar os juros do final de dezembro dos títulos Eurobond, que totalizam 2,3 bilhões de dólares, e os credores dizem que não há sinais de que o pagamento será feito ainda neste mês, quando expira o período de tolerância.

Ouattara não quis dizer se o governo paralelo comandado por ele tem dinheiro para essa despesa, e reiterou sua esperança de que Gbagbo deixe o poder antes do final do mês.

"Vamos respeitar nossos compromissos (...). O sr. Laurent nao estará mais lá, espero, e (...) poderemos renovar nossos laços com as instituições de Bretton Woods", afirmou Ouattara, ex-funcionário do FMI, referindo-se ao Fundo e ao Banco Mundial.

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