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Um aguardado relatório da ONU sobre a abordagem israelense a um navio que tentava furar o bloqueio à Faixa de Gaza, num incidente que resultou na morte de nove ativistas turcos, diz que o bloqueio de Israel à região costeira palestina era legal, noticiou o The New York Times na quinta-feira.

O relatório dos investigadores, a ser divulgado oficialmente na sexta-feira, diz também que os militares israelenses enfrentaram uma "resistência organizada e violenta por parte de um grupo de passageiros" do navio Mavi Marmara.

Mas o inquérito também dedica críticas a Israel, ao dizer que a força usada na abordagem ao navio foi "excessiva e não-razoável".

O chamado Relatório Palmer teve sua divulgação adiada várias vezes, de modo a permitir um diálogo que levasse à reaproximação entre Turquia e Israel, cujas relações ficaram abaladas por causa do incidente. Os EUA temiam que os atritos entre os seus a dois aliados estratégicos conturbassem ainda mais a situação do Oriente Médio.

A investigação foi feita por uma comissão da ONU chefiada pelo ex-premiê neozelandês Geoffrey Palmer. A conclusão original estava prevista para fevereiro.

Mas turcos e israelenses nunca chegaram a uma conclusão sobre o que aconteceu no incidente de 31 de maio de 2010, nem sobre qual deveria ser o teor do relatório, segundo diplomatas e funcionários da ONU. Por isso, segundo uma fonte da ONU, o relatório não é um "documento de consenso".

Israel, no entanto, expressou satisfação. "O resultado é que as ações israelenses foram legais", disse à Reuters um alto funcionário do governo, sob anonimato. "Ele diz que o bloqueio naval era legal sob o direito internacional."

Esse funcionário considerou significativo também que o relatório confirme o direito de Israel de revistar embarcações em águas internacionais. Ele disse ainda que agora Israel e Turquia poderão deixar o incidente para trás e "avançar da nossa relação."

Oficialmente, no entanto, a chancelaria não se manifestou sobre o relato do New York Times, que obteve o documento antecipadamente. A missão turca junto à ONU também não quis fazer comentários.

Ancara vinha exigindo desculpas de Israel pela abordagem, algo que o governo israelense recusa repetidamente - embora o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenha lamentado as mortes a bordo.

Além disso, o ministro da Defesa, o centrista Ehud Barak, causou polêmica no gabinete conservador de Israel ao sugerir que o país apresentasse um pedido diluído de desculpas, como forma de restaurar as boas relações com a Turquia, tradicional aliada do Estado judeu no mundo islâmico. Barak argumentava também que esse pedido de desculpas ajudaria a imunizar militares israelenses envolvidos na ação em eventuais processos judiciais no exterior.

Israel diz que o bloqueio a Gaza é uma precaução para evitar o tráfico de armas por mar para o grupo islâmico Hamas e para outras guerrilhas palestinas. Os palestinos e seus simpatizantes afirmam que o bloqueio é uma punição coletiva ilegal, posição que alguns funcionários da ONU têm acatado.

O Mavi Marmara encabeçava uma flotilha de seis embarcações com ativistas que pretendiam levar mantimentos a Gaza.

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