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O painel sobre clima da Organização das Nações Unidas (ONU) deve divulgar, nesta sexta-feira, a mais contundente advertência até hoje de que são as atividades humanas que estão causando o aquecimento global, fenômeno que vai aumentar a ocorrência de ondas de calor e estiagens, além de provocar a elevação do nível do mar. O grupo, que conta com 2.500 cientistas de 130 países, também deve afirmar que os oceanos vão continuar tendo seu nível elevado por mais de mil anos, mesmo que os governos estabilizem as emissões de gases-estufa neste século.

Cientistas e autoridades do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) estão se reunindo desde segunda-feira para dar os toques finais ao relatório, que possui um resumo de 15 páginas destinado aos governantes.

- As negociações estão progredindo - disse um integrante do painel.

O IPCC diz que vai publicar os resultados às 6h30 (horário de Brasília) de sexta-feira. O texto vai reforçar a convicção de que os seres humanos são os responsáveis pelo aquecimento, e por isso pode aumentar a pressão sobre governos e empresas para que sejam tomadas providências mais eficazes para reduzir o acúmulo de gases-estufa, a maioria provenientes da queima de combustíveis fósseis por usinas termelétricas, fábricas e automóveis.

"É muito provável que os gases-estufa (emitidos pelas atividades humanas) tenham causado a maior parte do aumento observado nas temperaturas médias globais desde meados do século 20'', afirma o texto.

"Muito provável'' significa pelo menos 90% de probabilidade. No relatório anterior, de 2001, o termo usado era ''provável', indicando 66% de probabilidade.

Este é o primeiro relatório de uma série de quatro que serão divulgados este ano com as ameaças do aquecimento global. Para os cientistas, as marcas provocadas pelo efeito estufa estão cada vez mais visíveis . Segundo o estudo que será divulgado nesta sexta-feira, as temperaturas subirão até 3 graus Celsius até 2100 em relação aos níveis pré-industriais, a maior elevação em um século em milênios. O mundo está hoje cerca de 5 graus Celsius mais quente que durante a última Era do Gelo.

De acordo com a previsão dos cientistas, a calota polar do Ártico vai diminuir e talvez até desaparecer até 2100. O número de furacões e tufões pode diminuir, mas eles serão mais fortes em intensidade. O nível do mar deve subir entre 28 cm e 42 cm este século, num aumento menor que o previsto em 2001.

- Os governos que planejam defesas costeiras têm de conviver com grandes incertezas por enquanto, e por um bom tempo ainda - disse Stefan Rahmstorf, do Instituto para Pesquisa do Impacto do Clima, de Potsdam, na Alemanha.

Outro documento elaborado pelo IPCC, mas que só deve ser divulgado em abril, deve detalhar as conseqüências do aquecimento global e as opções para se adaptar a ele. De acordo com este estudo, o aumento da temperatura global causará grave falta de água na China, na Austrália e em partes da Europa e Estados Unidos e fará com que cerca de 200 a 600 milhões de pessoas passem fome por volta de 2080. O texto diz ainda que inundações litorâneas podem danificar sete milhões de casas.

Dando uma mostra da dimensão do aquecimento global, já nos dias de hoje, um estudo divulgado pelo Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras na terça-feira mostrou que as geleiras estão derretendo três vezes mais rápido do que na década de 80 .

Para chamar atenção para o consumo de energia e para a questão ambiental, nesta quinta-feira, a torre Eiffel, monumento-símbolo da França, será apagada por 5 minutos . Os 336 projetores que iluminam a torre à noite serão desligados entre as 19h55m e 20h (entre 16h55m e 17h no horário de Brasília).

O Painel Intergovernamental foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa Ambiental da ONU para orientar as políticas globais sobre o aquecimento.

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