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Paris (AE) – No primeiro momento, segundo a Scotland Yard, os quatro matadores de Londres eram paquistaneses nascidos na Inglaterra. Na sexta-feira de manhã, a Scotland Yard corrige a mira: três dos matadores são mesmo de origem paquistanesa, mas o quarto é jamaicano. A predominância dos ingleses de origem "paquistanesa" não é menos espetacular. Sobretudo se somarmos que o cérebro era outro britânico de origem também paquistanesa.

Evidentemente, acham-se entre os terroristas islâmicos pessoas de todas as nacionalidades do Magrebe (região de predominância islâmica do norte da África) e do Oriente Médio: Bin Laden é iemenita e saudita. O químico dos atentados de Londres é egípcio. Em Madri, foram marroquinos que atacaram. Na França, teme-se que argelinos estejam preparando ataques. Mas a verdade é que o Paquistão quase sempre aparece, num momento ou outro do terrorismo assassino.

Isso não é novidade. Na verdade, é desde a sua criação, em 1947, e muito antes até que o Paquistão se consagra ao islamismo radical. Duas correntes de pensamento desabrocham no país. Os tablighis, que na essência são religiosos, não terroristas. Mas seu proselitismo é intenso. Muitos ativistas islâmicos na França passaram pelas pregações dos tablighis. A segunda escola é a dos deobandis, conforme nos diz o pesquisador Olivier Roy, que vão se tornar os talebans. O ponto de inflexão é a invasão do Afeganistão pela URSS. Essa violação de um terceiro país provoca uma mobilização geral dos muçulmanos a partir de 1980. Os árabes fervilham nos bandos que afrontam os tanques soviéticos. Entre esses bandos, Bin Laden e a maioria das grandes figuras do futuro terrorismo.

Foi, portanto, a URSS que introduziu no mundo o pior vírus do século 21: depois do nazismo e do comunismo, o islamismo. Brejnev, que teve a idéia de tomar o Afeganistão: ele injetou nas veias do Ocidente triunfante um veneno mortal – a jihad e o islamismo radical.

E aí está de novo o Paquistão. Aliás, durante essa guerra da URSS contra o Afeganistão, os serviços de contra-espionagem paquistaneses (LISI) realizavam um trabalho de gigante. É também no Paquistão, nas escolas corânicas, que são doutrinados os jovens fanáticos que, sob o nome de Taleban, vão se apoderar do Afeganistão e, ao mesmo tempo, dar refúgio, teoria, recursos financeiros, campos de treinamento à Al Qaeda e a seus matadores vindos do mundo inteiro, com certeza, mas com mais freqüência do Paquistão.

Seja num período histórico mais longo, seja no período recente, o Paquistão, dito "o país dos puros", continua sendo um dos viveiros mais tenebrosos e mais fecundos do islamismo extremista. A presença do general Musharraf oculta esse fervilhar de seitas e comandos, mas não interfere muito na sua ação. Tudo indica, também, que Musharraf conhece muito bem os limites da ação que pode empreender contra os terroristas: ele próprio já não escapou de três atentados? E, ao que parece, ele não faz muito esforço para apanhar os grandes dignitários da Al Qaeda, entre eles, provavelmente, Bin Laden, que devem estar vivendo pacatamente na zona tribal entre o Paquistão e o Afeganistão.

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