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Cancún - Países em desenvolvimento acusaram na quarta-feira o Japão de renegar suas promessas de levar a luta contra o aquecimento global para além de 2012, e disseram que as atuais negociações no México irão fracassar se Tóquio não recuar.

O Japão é um dos quase 40 países ricos que são obrigados pelo Protocolo de Kyoto a reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa até 2012. O país diz que não aceitará prorrogar as medidas depois disso se países como China e Estados Unidos, os maiores emissores globais, não aderirem ao esquema.

"Temo que, sem concessões a respeito do Protocolo de Kyoto, um acordo em Cancún não irá decolar", disse o iemenita Abdulla Alsaidi, atual presidente do grupo chamado G77 + China, que reúne países em desenvolvimento.

Ele afirmou esperar que a União Europeia, principal apoiadora do Protocolo de Kyoto ao lado do Japão, convença Tóquio a abrandar sua posição no encontro. Quase 200 países estão tentando aprovar um pacote de medidas que contribua para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

O Protocolo de Kyoto expira em 2012, e depois da reunião de Cancún haverá pouco tempo para aprovar um substituto para ele.

"O Japão não está tentando matar Kyoto, mas (o tratado) deveria renascer como um só tratado de cumprimento obrigatório, mais efetivo", disse Akira Yamada, alto funcionário da chancelaria japonesa.

A União Europeia e outros participantes do Protocolo de Kyoto também esperam que EUA, China e outras nações adiram ao tratado depois de 2012, mas têm sido menos estridentes a respeito disso.

Segundo Yamada, o Japão acredita que o Protocolo de Kyoto está ultrapassado, pois abrange apenas 27 por cento das emissões globais de gases do efeito estufa. Quando foi adotado, em 1997, ele abrangia 56 por cento das emissões - o que incluía as emissões dos EUA, que não ratificaram o tratado.

O Japão, segundo Yamada, gostaria de avançar sobre as metas facultativas adotadas na conferência climática de 2009 em Copenhague, as quais incluem promessas de 140 países sobre cortes nas suas emissões. Ele disse, no entanto, que seu país jamais aceitará subscrever novos compromissos em adendos ao Protocolo de Kyoto.

ONGs presentes à conferência concederam ao Japão na terça-feira o "prêmio" chamado Fóssil do Dia, por ter sido o país que mais atrapalhou os avanços das discussões.

Ao contrário da conferência de Copenhague, em que havia grandes esperanças sobre a adoção de um novo tratado global de cumprimento obrigatório, as expectativas para Cancún são mais modestas - basicamente, a criação de um "fundo verde" para ajudar na adaptação climática e proteção florestal de países em desenvolvimento.

Yamada disse que os países em desenvolvimento têm muito a ganhar com um acordo em Cancún. Ele lembrou que o Japão já prometeu 15 bilhões de dólares para a ajuda climática às nações em desenvolvimento para o período 2010-12.

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