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Eleitor hondurenho manifesta intenção de boicotar as eleições de amanhã, posição defendida pelo presidente deposto Manuel Zelaya | Oswaldo Rivas/Reuters
Eleitor hondurenho manifesta intenção de boicotar as eleições de amanhã, posição defendida pelo presidente deposto Manuel Zelaya| Foto: Oswaldo Rivas/Reuters

Favorito nas pesquisas diz que procurará Lula

Folhapress

Tegucigalpa - O candidato favorito para a eleição presidencial hondurenha de domingo, Porfirio Lobo, disse ontem que irá "bater na porta’’ do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da posição brasileira de não reconhecer o resultado.

"Estamos muito interessados em ter relações com todos os países. No caso do Brasil, é um país que muito admiramos. Estamos muito interessados em ir ao Brasil para ver os programas que têm, como o Bolsa Família. Estaremos tocando a porta do presidente Lula para que ele nos receba’’, disse Lobo, 61, do conservador Partido Nacional (PN). "Nenhum país poderá negar o que é o direito de um povo de poder eleger.’’

"Vamos buscar o presidente Lula para que reconsidere a sua posição e sejamos tão amigos como temos sido sempre, talvez mais amigos’’, disse Lobo, que, questionado três vezes sobre a posição brasileira, chegou a brincar com os repórteres durante entrevista coletiva, ensaiando algumas palavras em português.

Lobo, líder das pesquisas de opinião, disse, que se eleito, a sua prioridade será recompor as relações internacionais.

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Quito - Na divisão dos países da região a respeito do reconhecimento da eleição presidencial de Hon­­duras – diferença que também surgiu ontem na reunião da União de Nações Sul-Ameri­­ca­­nos (Unasul), em Quito –, chama a atenção um silêncio eloquente: o do México.

O país diz não ter escolhido o seu bloco: o de alinhamento aos EUA, que inclui Peru, Colômbia, Panamá e Costa Rica, que reconhecerão a eleição "caso tudo corra bem’’; e a aliança de Brasil, Chile, Venezuela, Argentina, Bolívia, Nicarágua e Cuba, para a qual reconhecer a votação sob os golpistas é um péssimo precedente para as democracias em consolidação.

Na terça, a chanceler mexicana, Patricia Espinosa, disse que não se pronunciaria, pois faltavam "alguns dias’’ para o pleito.

A hesitação do país já marca pontos para o bloco dos EUA, pois todos os chanceleres da região, à exceção do americano, reunidos na reunião preparatória da Calc (Cúpula América Latina e Caribe), que abriga o Grupo do Rio ampliado, já disseram que se oporiam à eleição.

O chanceler brasileiro Celso Amorim fez menção à decisão dos chanceleres da Calc ontem, em Quito, onde participou de reunião da Unasul. Disse não ser preciso falar sobre o tema, já que "América Latina e Caribe’’ já haviam tomado posição.

Questionado pela reportagem sobre o México, disse: "Não ouvi o silêncio do México. O México é o presidente do Grupo do Rio, que tem uma posição muito clara sobre isso. Mas cada um faz o que quiser’’, lançou.

O México enfrenta ainda outro desconforto na questão. O país do conservador Felipe Calderón será o anfitrião da se­­gunda Calc, em fevereiro – a primeira foi na Bahia, em de­­zembro de 2008. Se resolver re­­conhecer o pleito, a chamada "OEA do B’’ sofre sério revés.

Ontem, Amorim disse que a divisão "enfraquece’’ a OEA (Or­­ganização dos Estados Ameri­­canos) e fortalece a Unasul. Mas a própria Unasul expõe racha: o chanceler do Peru, José Antonio García Belaúnde, reiterou que Lima reconhecerá a eleição "se tudo correr bem’’.

Enquanto isso, o presidente da Costa Rica, Oscar Árias, fez um apelo ontem pelo reconhecimento das eleições. Ex-mediador da crise, ele pregou que a "cordialidade’’ prevaleça.

Embora sustentem que não reconhecer a eleição permitiria um perigoso precedente, diplomatas brasileiros admitem que a situação é de difícil solução.

O outro caso de silêncio digno de nota é de El Salvador, vizinho de Honduras. O esquerdista Mauricio Funes, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu que ainda não era hora de se pronunciar.

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