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Entenda o sequestro na Argélia

Agência O Globo

Um grupo ligado à al-Qaeda sequestrou nesta quarta-feira 40 estrangeiros e 150 argelinos em um campo de exploração de gás na Argélia, perto da fronteira com a Líbia. Dezenas de reféns e terroristas morreram nesta quinta-feira durante uma operação militar argelina às instalações, segundo a emissora de TV Al Jazeera, citando fontes locais, e a agência ANI, da Mauritânia, que citou um dos sequestradores.

Como tudo começou?

No dia 16 de janeiro, às 5h. Um grupo armado atacou um ônibus que transportava os empregados da usina de gás até o aeroporto de In Amenas, segundo as autoridades argelinas. O ataque deixou ao menos um britânico, um argelino e outras seis pessoas - dois britânicos, um norueguês, dois policiais e um segurança - feridos. Os terroristas fugiram em direção às casas dos empregados da usina. Ali, sequestraram um grupo de trabalhadores estrangeiros e argelinos.

Quem são os reféns?

Os reféns são cerca de 40 estrangeiros de distintas nacionalidades (japoneses, americanos, franceses, irlandeses, britânicos, noruegueses, etc) e 150 trabalhadores argelinos.

Imediatamente após tomada das instalações, os sequestradores separam os reféns em dois grupos, argelinos para um lado e estrangeiros para outro. A agência estatal argelina disse nesta quinta-feira, citando fontes oficiais, que 30 reféns conseguiram escapar. Segundo o canal "Al Shoroun", citado pela noruega RNK, trata-se de 17 estrangeiros e 13 argelinos.

Quem são os sequestradores e o que eles pedem?

Os terroristas seguem ordens de Mojtar Belmojtar, que no final do ano passado se separou do braço da al-Qaeda no Norte da África para fundar seu próprio grupo, batizado por "aqueles que assinam com o seu sangue".

Os islamistas, que reivindicaram o ataque, afirmaram ter atuado em represália ao apoio da Argélia à intervenção militar francesa no Mali. O país africano deu autorização para a força aérea francesa sobrevoar em seu território enquanto bombardeia os grupos islâmicos armados no Mali. Os sequestradores pedem o "fim da agressão ao Mali".

Por que havia tantos estrangeiros nas instalações?

O campo de gás de In Amenas é explorado pela empresa argelina Sonatrach, pela britânica BP e pela norueguesa Statoil. Uma empresa japonesa de engenharia, JGC Corp, e a empresa francesa de restauração, hotelaria e engenharia CIS Catering também trabalha nas instalações.

Como aconteceu o ataque das forças militares argelinas ao local do sequestro?

Nesta quinta-feira, o exército argelino atacou o campo de gás para libertar os reféns. Os detalhes da operação ainda são confusos. As últimas informações tratam de seis reféns e oito rebeldes islâmicos mortos, segundo a Reuters citando fonte própria. Do outro lado, os sequestradores comunicaram, por meio da agência mauritana ANI, que ainda retém sete ocidentais.

O Exército bombardeou veículos que pretendiam tirar os reféns do campo para transportá-los a um lugar seguro.

A crise instaurada após o sequestro de centenas de argelinos e dezenas de estrangeiros por um grupo islamita em um campo de tratamento de gás na Argélia continua em meio a uma enorme tensão dos países com cidadãos entre os reféns.

A sorte dos sequestrados desde quarta-feira em In Amenas, no deserto argelino fronteiriço com a Líbia, é a grande preocupação após a operação das forças argelinas, que terminou com um número indeterminado de mortos e feridos entre os reféns.

Segundo os terroristas, dos 41 estrangeiros que permaneciam em seu poder, 35 perderam a vida durante o bombardeio do Exército argelino, números que não foram confirmados oficialmente.

Confira as reações do países que têm cidadãos sequestrados:

Reino Unido

A única certeza das autoridades britânicas é de que pelo menos um refém britânico morreu na crise que ainda está "em curso", segundo informou nesta sexta-feira o Ministério das Relações Exteriores, que não pôde dar detalhes sobre o número total de britânicos sequestrados.

"Nossa prioridade continua sendo a segurança dos britânicos e seus companheiros de trabalho. Não podemos fornecer nenhum detalhe que possa pôr em perigo suas vidas, mas trabalhamos contra o relógio para resolver a crise", explicou o Ministério das Relações Exteriores.

O campo onde ocorreu o sequestro é operado pela multinacional britânica BP, além da norueguesa Statoil e da argelina Sonatrach.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que ontem falou duas vezes com seu colega argelino, Abdelmalek Sellal, e também com o presidente dos Estados Unidos, Barcak Obama, assegurou que o Reino Unido devia se preparar para receber "más notícias".

Cameron suspendeu o discurso que ia a pronunciar hoje em Amsterdã sobre a relação do Reino Unido com a União Europeia (UE), enquanto seu titular das Relações Exteriores, William Hague, que fazia uma visita oficial à Austrália, está retornando ao país para participar das reuniões do comitê de emergência.

Ontem, o governo britânico expressou sua inquietação por não ter sido informado antes pelas autoridades argelinas de sua decisão de intervir militarmente no campo.

Japão

O Governo do Japão convocou nesta sexta-feira o embaixador da Argélia em Tóquio para transmitir sua preocupação com os sequestrados, entre os quais figuram agora 14 japoneses após confirmar que três japoneses - um deles com ferimentos leves- se encontram a salvo.

A empresa japonesa "JGC" - que tinha 78 empregados no campo, incluindos os 17 japoneses - confirmou por enquanto que seis de seus empregados estão a salvo: dois filipinos e um romeno, além dos três japoneses, segundo a televisão pública "NHK".

Os três japoneses conseguiram telefonar e confirmar que se encontravam bem, sem poder dar mais informações sobre a situação do resto de seus companheiros.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que se encontrava em uma viagem pelo Sudeste Asiático, decidiu encurtar seu compromisso e retornar na primeira hora de amanhã para Tóquio.

Alguns meios de imprensa apontaram que entre os falecidos durante a operação militar argelina havia dois japoneses, mas por enquanto nem o Governo japonês e nem a empresa JGC ofereceram informações sobre este fato.

França

Pelo menos dois cidadãos franceses sobreviveram ao ataque do Exército da Argélia, informou nesta sexta-feira o ministro francês do Interior, Manuel Valls.

"Só temos notícias de que dois retornaram, mas infelizmente é só", disse Valls, antes de afirmar que havia "poucos franceses nessa base".

O presidente da França, François Hollande, afirmou na quinta-feira que a libertação dos argelinos e estrangeiros sequestrados foi desenvolvida "em condições dramáticas" e destacou também que o ataque "justifica a decisão de ajudar o Mali".

Noruega

A companhia petrolífera norueguesa Statoil anunciou nesta sexta o resgate de um de seus empregados, sendo agora 9 dos 17 trabalhadores da empresa que se encontram a salvo.

"A situação dos oito empregados restantes é incerta", assinalou Statoil em comunicado, no qual informa, além disso, que um primeiro avião procedente da Argélia aterrissou ontem à noite em Londres com 22 empregados, outros 18 aterrissaram em dois aviões em Palma de Mallorca (Espanha), enquanto um quarto avião voará hoje à Argélia para repatriar mais trabalhadores.

O primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, admitiu ontem à noite que a situação no local era "muito confusa" e mostrou seu "profundo pesar" pela falta de dados certos e ressaltou que há "muitas e contraditórias informações".

EUAO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, analisou ontem com Cameron a situação criada pelo sequestro de trabalhadores na Argélia, além da crise do Mali.

Previamente, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou em sua entrevista coletiva diária que o Governo de Estados Unidos estão seguindo de perto os eventos.

"A informação que temos até este momento indica que cidadãos americanos estão entre os reféns. Mas não temos, neste momento, mais detalhes para oferecer. Estamos preocupados pelas informações que chegam sobre a perda de vidas e pedimos esclarecimentos ao Governo da Argélia", disse Carney.

Filipinas

Pelo menos 20 pessoas de nacionalidade filipina foram levadas como reféns, confirmou nesta sexta-feira um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores das Filipinas, que acrescentou que pelo menos um conseguiu escapar antes da operação das forças especiais do Exército argelino.

No entanto, as autoridades filipinas não puderam confirmar se algum de seus cidadãos se encontra entre as vítimas mortais da operação realizada ontem.

"As autoridades argelinas admitiram que há mortos e feridos no lado dos reféns após a operação realizada pelas forças militares da Argélia, mas não deu detalhes e nem confirmou quantas pessoas foram libertadas", indicou o porta-voz. EFE

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