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Chirac se despede de funcionários do Palácio do Eliseu

O presidente francês, que preferiu não se candidatar a um terceiro mandato, reuniu seus assessores pessoais, antigos e atuais, para agradecer sua colaboração.

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Independentemente de quem vencer as eleições presidenciais de domingo, a socialista Ségolène Royal ou o conservador Nicolas Sarkozy, uma nova geração passará a liderar a França, refletindo o desejo de mudança profunda por parte do eleitorado.

Sarkozy, com 52 anos, ou Royal, com 53, será o sucessor de Jacques Chirac, que, aos 74 anos, é um dos dirigentes mais experientes do Ocidente e que optou por não concorrer a um terceiro mandato após 12 anos no Palácio do Eliseu e mais de quatro décadas na política.

"Entre os franceses, há uma grande expectativa de mudança", disse Emmanuel Rivière, do instituto de pesquisas TNS-Sofres.

As pesquisas indicam que entre sete e oito em cada dez franceses acreditam que "as coisas vão mal" e estão preocupados com a França na era da globalização.

Além disso, os entrevistados se sentem "mal governados" e têm a impressão de que seus dirigentes não conseguiram resolver os problemas do país.

"Os franceses querem sangue novo", resume a analista política Mariette Sineau, que acredita que a geração de Chirac ficou politicamente "sem fôlego".

É a primeira vez desde 1969 que os dois "finalistas" são estreantes nas eleições presidenciais.

Ambos, entretanto, são veteranos da política: o candidato da conservadora União por um Movimento Popular (UMP) tem pelos menos 30 anos de vida pública, enquanto a concorrente do Partido Socialista (PS) tem 25 anos.

Seus perfis se diferenciam do de seus antecessores da V República - que foram "salvadores" ou "herdeiros", segundo o analista Alain-Gérard Slama -, e ambos tiveram que superar muitos obstáculos para chegar a este estágio de sua carreira política.

Sarkozy assumiu as rédeas da UMP contra a vontade do fundador do partido e seu ex-mentor, o presidente Chirac.

Já Royal começou sua campanha em paralelo a seu partido, liderado por seu companheiro e pai de seus quatro filhos, François Hollande, e superou os chamados "elefantes" do PS nas eleições primárias internas para conseguir sua candidatura.

No começo de sua longa campanha pelo Palácio do Eliseu, o candidato da UMP exigiu "a ruptura", que depois classificou como "tranqüila".

Pelo simples fato de ser a primeira mulher com chances de chegar à chefia de Estado, Royal é a promessa de mudanças.

Na mente dos eleitores, nenhum dos dois está associado à forma de governar dos últimos 20 anos, apesar de terem ocupado cargos ministeriais.

Sarkozy foi ministro do Orçamento de 1993 a 1995 e titular do Interior de 2002 até março deste ano, com uma breve passagem pela pasta de Economia e algum tempo fora do Governo.

Já Royal foi titular do Meio Ambiente em 1992, e, entre 1997 e 2002, foi responsável por Ensino Escolar e, depois, pela pasta de Família e Infância. Desde 2004, a socialista é presidente do Governo da região de Poitou-Charentes.

Após aprender as lições do "terremoto" de 2002 - quando o ultradireitista Jean-Marie Le Pen eliminou no primeiro turno o candidato do PS, Lionel Jospin, e ficou claro o abismo entre os franceses e seus políticos -, Sarkozy optou pela aproximação no terreno e na linguagem.

Com isso, o candidato da UMP privilegia agora a "ação" e "a cultura do resultado", como demonstrou quando dirigia a pasta do Interior.

Além de ser mulher e de tocar em temas de sociedade e da vida cotidiana - "o alto custo de vida", a educação e os jovens -, Royal optou por um modelo de liderança novo: a democracia participativa baseada "na inteligência coletiva" dos franceses, que são os "melhores analistas" dos assuntos que lhes interessam.

Além de sua forma diferente de enfocar a liderança, os dois são considerados pelos analistas mais pragmáticos e menos ideológicos que seus antecessores.

É cedo para saber se a chegada ao poder de um destes cinqüentões, nascidos após a Segunda Guerra Mundial, assim como a maior parte dos dirigentes europeus, significará o fim da tradição de longevidade política na França ou se será uma lacuna, como foi a escolha de Valéry Giscard d'Estaing em 1974, aos 48 anos.

Entre 10 de maio, dia do anúncio oficial dos resultados, e 16 de maio à meia-noite, quando termina seu mandato, o "camaleão" Chirac descerá as cortinas de uma carreira marcada por grandes derrotas e surpreendentes vitórias.

Chirac deixará uma Presidência marcada no âmbito internacional por sua oposição à Guerra do Iraque, sua defesa do multilateralismo e sua solidariedade com o Sul, e pelo fracasso do plebiscito sobre a Constituição européia.

Enquanto isso, a gestão interna do atual presidente foi marcada pelo agravamento do abismo social que prometeu reduzir e por sua resistência a reformas radicais que muitos vêem como necessárias para o futuro do país.

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