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Status obtido na ONU ainda é só o começo da briga dos palestinos por um país | Darren Whiteside/Reuters
Status obtido na ONU ainda é só o começo da briga dos palestinos por um país| Foto: Darren Whiteside/Reuters

O status de Estado observador não membro concedido à Palestina na semana passada pela Organização das Nações Unidas (ONU) foi o primeiro passo de um caminho longo para transformar o território num país. A próxima etapa é obter o reconhecimento de Israel, o que está longe de acontecer, segundo analistas.

Depois de obter o reconhecimento da ONU, os palestinos já precisam lidar com a retaliação do premiê israelense Benjamin Netanyahu, que anunciou a construção de três mil assentamentos na Cisjordânia, região que faz parte do território da Palestina. A medida provocou manifestações indignadas de diversos líderes mundiais.

"O anúncio da construção de novos assentamentos é um jeito de Israel dizer que não vai aceitar interferência internacional", diz o cientista político Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para o professor, somente os israelenses e os palestinos podem definir a consolidação de um país.

Na prática, o status de Estado observador não membro tem forte caráter simbólico, pois não muda nada nas decisões de Israel. "É apenas uma maneira de as Nações Unidas pressionarem Netanyahu, colocando a opinião pública mundial contra seu país", observa Cukier.

Vantagens

A nova condição da Palestina tem implicações exclusivas na sua atuação como ente da Assembleia Geral da ONU. Embora não possa votar, como os Estados membros, a nação tem o poder de voz, como explica Eduardo Saldanha, professor de Direito Internacional do Centro Universitário FAE. "Agora os palestinos podem apresentar pedidos e recorrer ao auxílio da ONU."

Entre as vantagens do status está o direito de recorrer ao Tribunal Penal Internacional, que pode punir os israelenses por violar tratados como os Acordos de Oslo, assinados em 1993. "Israel pode ter problemas sérios por conta disso", afirma Saldanha.

Efeitos

Como o reconhecimento da Palestina passa por Israel, pois a Cisjordânia e a Faixa de Gaza são consideradas extensão da nação judaica, os brados da comunidade internacional se tornam irrelevantes. Além disso, a retaliação de Netanyahu questiona o poder da ONU como entidade de pacificação.

Para Moisés Marques, pro­fessor de Relações In­ternacionais da Faculdade Santa Marcelina, a ação do governo israelense mostra como as Nações Unidas precisam se reinventar. "A ONU está sem poder para conciliar conflitos. Se passaram quase 70 anos desde que a entidade foi criada" (mesmo tempo em que palestinos e israelenses se enfrentam pelo domínio territorial na região sem encontrar solução).

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