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Participantes portavam bandeiras verdes do Hamas, e fotos de presos palestinos | AFP PHOTO /JAAFAR ASHTIYEH
Participantes portavam bandeiras verdes do Hamas, e fotos de presos palestinos| Foto: AFP PHOTO /JAAFAR ASHTIYEH

Cerca de cinco mil palestinos participaram nesta quinta-feira da comemoração do 25º aniversario do movimento islamita do Hamas na cidade de Nablus, na Cisjordânia, celebração permitida pela primeira vez em meia década como um gesto em direção à reconciliação por parte da facção que governa a região, o Fatah.

Os participantes portavam bandeiras verdes do Hamas, fotos de presos palestinos e um grupo de mulheres carregavam foguetes de papelão simulando os foguetes Qassam lançados contra Israel de Gaza.

"Brigadas Al Qassim (braço armado do Hamas), o orgulho da revolução", "Hamas, és forte" ou "Todos queremos unidade contra o inimigo israelense" eram algumas das palavras de ordem cantadas pelos presentes: mulheres, homens, jovens e adultos.

Entre eles estava Julud Al-Masri, deputada do Hamas, que acredita em um futuro brilhante para o movimento na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

"Este é o princípio do verdadeiro lançamento do Hamas na Cisjordânia, da consolidação de seu poder na Cisjordânia. Somos como a cinza que origina o fogo, um fogo que poderá ser visto do céu", declarou à Agência Efe.

Julud, que passou por uma prisão israelense como outras dezenas de parlamentares do Hamas, ressaltou que seu movimento "está interessado na unidade e na reconciliação" com o Fatah, mas partindo da premissa de que é "a força política mais forte na região".

Outro membro do Hamas na marcha era Afif Duweikat, que louvava a "resistência" das Brigadas de Ezedin Al Qassim contra o exército israelense em sua ofensiva do mês passado em Gaza.

"Nossa estratégia é a resistência militar e esta marcha é uma celebração da resistência", afirmou.

À margem da celebração, Daid Mohammed, estudante da Universidade Al-Najah, em Nablus, que vive em uma aldeia próxima, demonstrava sua inconformidade com a retórica bélica.

"O Hamas tem direito a existir, mas não de lançar daqui a resistência militar. A Cisjordânia é diferente de Gaza pela ocupação (israelense) e eles sabem que daqui não se pode disparar foguetes", argumentou.

Said Muhamad, funcionário do banco Al Quds na cidade, defendia a necessidade de "manter pacífica a luta palestina pela independência".

"O povo palestino não está preparado para uma Terceira Intifada depois do sofrimento nas outras duas", opinou.

O Hamas já lembrou seu aniversario em Gaza no sábado passado, com a presença do líder máximo do movimento, Khaled Meshaal, que vive no exílio, e a participação de milhares de pessoas.

No entanto, esta é a primeira ocasião em que o Hamas festeja seu aniversário na Cisjordânia desde 2007, quando a inimizade com a facção nacionalista Fatah alcançou seu máximo após seis dias de sangrentos enfrentamentos em Gaza que deixaram os territórios palestinos com dois governos: um do Hamas, na Faixa de Gaza, e o outro composto por uma coalizão formado em sua maioria pelo Fatah, na Cisjordânia.

A celebração foi possível graças ao novo ambiente surgido entre ambas as facções após a ofensiva israelense em Gaza, com constantes gestos e declarações em prol da unidade interpalestina, negociada sem sucesso há anos.

Por sua parte, o Executivo do Hamas em Gaza deu sinal verde ao Fatah para comemorar seu 48º aniversário na região no dia 1º de janeiro.

O festejo terá como lema "Estatalidade e vitória", em referência ao recente reconhecimento da Palestina como Estado observador pela Assembleia Geral da ONU.

O último ato que o Fatah organizou em Gaza (em novembro de 2007, por ocasião do aniversário da morte de Yasser Arafat) foi grandioso, mas terminou em violência e enfrentamentos entre a polícia e os participantes, com um saldo de sete mortos, a maioria simpatizantes do Fatah.

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