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A rainha Elizabeth II e o Papa Bento XVI são recepcionados por crianças do lado de fora do Palácio de Holyrood, em Edimburgo, Escócia: Pontífice defendeu paz com a Irlanda do Norte | Dan Kitiwood/AFP
A rainha Elizabeth II e o Papa Bento XVI são recepcionados por crianças do lado de fora do Palácio de Holyrood, em Edimburgo, Escócia: Pontífice defendeu paz com a Irlanda do Norte| Foto: Dan Kitiwood/AFP

Mea-culpas papais

Desde março, o Vaticano tem enfrentado escândalos de pedofilia na Igreja.

Mar.10 – Em carta aos irlandeses, Bento XVI diz sentir vergonha pelos abusos cometidos no país.

Abr.10 – Papa refere-se pela primeira vez a "abusos por membro do clero’’ e afirma que a Igreja é "pecadora ferida’’ e precisa cumprir penitência; em Malta, expressa "dor e vergonha’’.

Mai.10 – Diz que a Igreja precisa reconhecer a "verdade dos abusos sexuais’’ e que os maiores inimigos estão dentro da instituição.

Jun.10 – Bento XVI "implora perdão’’ a Deus e às vítimas de abusos sexuais envolvendo padres.

Jul.10 – Vaticano endurece normas para prevenir ocorrência de abusos sexuais na Igreja. As mudanças, as primeiras em nove anos, afetam procedimentos da Igreja para expulsar padres pedófilos, e tornam norma global alguns procedimentos legais até agora só tolerados em circunstâncias excepcionais.

Ontem – No Reino Unido, Papa condena "perversão’’ de sacerdotes e lamenta a falta de vigilância.

Fonte: Folhapress

Londres - As autoridades da Igreja Católica não foram vigilantes o suficiente e não souberam agir com decisão e rapidez nos casos de abusos se­­xuais cometidos contra crianças por padres católicos. Foi com esse discurso que o Papa Bento XVI chegou ao Reino Unido para uma visita de quatro dias. É a crítica mais dura já feita pelo Pontífice à Igreja que chefia.

Eu devo dizer que essas revelações foram um choque para mim e uma grande tristeza. Tris­­teza também porque as autoridades da Igreja não foram suficientemente vigilantes nem rápidas e decisivas para tomar as medidas necessárias’’, disse.

Bento XVI chamou a pedofilia de "perversão’’ e disse que é ne­­cessário deixar aqueles que so­­frem "dessa doença’’ o mais longe possível de suas possíveis vítimas, uma vez que o "livre arbítrio não funciona’’ quando a pes­­soa está acometida desse mal.

O Papa falou sobre os abusos de crianças durante entrevista a bordo do avião que o levou da Itália para a Escócia, onde começou sua visita.

Ele não foi surpreendido pelo assunto, ao contrário, decidiu falar sobre ele. As perguntas ha­­viam sido passadas por escrito an­­tes e ele escolheu quais responder.

A intenção talvez tenha sido dar uma resposta aos que planejam protestos durante a visita contra a atitude da Igreja nos ca­­sos de abusos. Vítimas acusam o Vaticano de ter acobertado os ca­­sos e protegido os molestadores.

O Papa afirmou que a missão da Igreja é ajudar as vítimas dos abusos a se recuperar dos traumas e reencontrar a fé em Jesus Cristo.

Ateísmo e nazistas

Bento XVI foi recebido logo cedo pela rainha Elizabeth II, que lembrou dos laços que unem a Igreja Católica e a Igreja An­­gli­­cana, criada no século 16 por uma desavença entre o então rei inglês, Henrique VIII, e o Papa.

Em seu discurso, Bento XVI elogiou a luta dos britânicos contra a "tirania nazista que queria erradicar Deus’’.

Disse que agora é hora de lutar contra o ateísmo extremo e o se­­cularismo exagerado que no­­va­­mente ameaçam o mundo.

No fim da tarde, o Papa rezou uma missa em Glasgow para cerca de 65 mil pessoas. Número mui­­to menor que o esperado pelos or­­ganizadores, que colocaram à venda 100 mil ingressos.

Essa é a segunda visita de um Papa ao Reino Unido. A primeira foi em 1982, quando João Paulo II atraiu muito mais atenção. Pes­­soas ligadas à Igreja Católica afirmam que não se trata de desprestígio da Igreja, mas que os tempos são outros e que Bento XVI tem um estilo mais reservado, e me­­nos atraente, que seu antecessor no cargo.

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