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O papa Bento XVI afirmou nesta segunda-feira (17) que "a libertação da submissão da fome é a primeira manifestação concreta do direito à vida", que, apesar de ter sido proclamada solenemente, "está muito longe de ser alcançada".

A afirmação do papa foi direcionada ao diplomata Jacques Diouf, diretor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) durante a Jornada Mundial da Alimentação de 2011.

Em alusões às imagens dolorosas das inúmeras vítimas da fome no nordeste da África, o papa Joseph Ratzinger afirmou que as mesmas "ficaram gravadas em nossos olhos e que, a cada dia, mais um capítulo é somado nessa catástrofe humanitária mais grave dos últimos anos".

O pontífice pediu às organizações de ajuda internacional que não se limitem ao imediatismo nos casos de emergência, pois "é necessário também intervir no médio e longo prazo".

Bento XVI afirmou que o trabalho agrícola não pode ser considerado como uma atividade secundária, mas como "o objetivo de toda estratégia de crescimento e desenvolvimento integral". Segundo o papa, atualmente há um contínuo abandono das áreas rurais, "com uma diminuição global da produção agrícola e, portanto, das reservas alimentícias".

Segundo Bento XVI, apesar de vivermos em uma dimensão global "há sinais evidentes da profunda divisão entre os que precisam do sustento cotidiano e os que dispõem de recursos de sobra, usando frequentemente com fins alheios à alimentação e, inclusive, destruindo-os".

Diante da magnitude do drama da fome, Bento XVI afirmou: "não basta convidar à reflexão, analisar os problemas e não termos disponibilidade de intervir e discursar. São frequentes as tentativas de justificar os comportamentos e omissões ditados pelo egoísmo e pelos interesses particulares", completou o papa.

Em relação à Jornada, Bento XVI afirmou que o evento deveria ter "o compromisso de modificar as condutas e decisões para garantir que todas as pessoas tenham acesso aos recursos alimentícios necessários, além do setor agrícola, que deve dispor de investimentos e recursos capazes de dar estabilidade à produção e ao mercado".

Trata-se definitivamente "de assumir uma atitude interior de responsabilidade, capaz de inspirar um estilo de vida diferente, com sobriedade necessária sobre o comportamento e o consumo, para favorecer assim o bem da sociedade".

O papa ainda adiantou que todas as medidas citadas também devem ser válidas para as gerações futuras, que devem priorizar a sustentabilidade, a tutela dos bens de criação, a distribuição dos recursos e, principalmente, o compromisso concreto pelo desenvolvimento dos povos e das nações.

"Essas medidas só poderão ser alcançadas se as instituições internacionais garantirem um serviço com imparcialidade e eficácia, respeitando plenamente as convicções mais profundas da alma humana e as aspirações de toda pessoa", concluiu o papa.

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