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Acompanhado do presidente Raúl Castro (direita), Bento XVI é recebido por criança em Santiago de Cuba | Alberto Pizzoli/AFP
Acompanhado do presidente Raúl Castro (direita), Bento XVI é recebido por criança em Santiago de Cuba| Foto: Alberto Pizzoli/AFP

Entrevista

"Com a visita, regime tenta passar imagem de abertura"

Juan Bosco Amores Carredano, professor titular da História da América da Universidade do País Basco.

Leia entrevista completa.

O Papa Bento XVI desembarcou ontem em Cuba dizendo levar em seu coração as "aspirações justas e legítimas" de todos os cubanos, incluindo os que deixaram a ilha e "os presos e suas famílias".

A menção do Pontífice aos presos foi genérica, não apenas aos políticos. Mas foi suficientemente ampla e ambígua para tocar em um tema delicado para o regime comunista: o dos encarcerados por fazer oposição ao governo.

"Levo em meu coração as justas e legítimas aspirações de to­­dos os cubanos, onde quer que estejam, seus sofrimentos e suas alegrias [...] de maneira especial aos jovens e anciãos, adolescentes e crianças, doentes e os trabalhadores, os presos e suas famílias e os pobres", disse Bento XVI, num bre­­ve discurso em espanhol, ao de­­sembarcar em Santiago de Cuba.

Há semanas grupos de dissidentes insistem em que o Papa deve abrir espaço em sua agenda de três dias na ilha para recebê-los ou, pelo menos, deve falar publicamente de violações de direitos humanos e falta de liberdades individuais em Cuba.

Durante a visita do Pontífice, o regime comandado por Raúl Castro, irmão do ex-ditador Fidel Castro, não hesitou em reprimir para abortar ou abafar manifestações de opositores.

De acordo com grupos de dissidentes, ao menos 150 opositores foram detidos desde o último sá­­bado. Muitos dos detidos, integrantes do grupo Damas de Bran­­co, foram liberados no domingo.

A dissidente Yoani Sánchez anunciou em seu Twitter a intenção de "narrar a visita" do Papa, ao lado de outros "blogueiros alternativos".

Sánchez tuitou ao longo de todo o dia, mas denunciou a ameaça do "apagão da censura". Se­­gundo ela, sua comunicação com o exterior estava prejudicada – não recebia nem e-mails nem ligações – e havia mais "cubanos com telefones cortados".

Apoio às mudanças

A presença de Bento XVI na ilha, 14 anos depois da histórica visita de João Paulo II, consolida o papel da Igreja Católica como o principal agente não estatal hoje em Cuba. A instituição tem espaço crescente na discussão das reformas na ilha. Bento XVI afirmou ontem que Cuba "se esforça para renovar seus horizontes". Antes, Raúl Castro havia repetido que seu governo está preparado para "mudar tudo que tem que ser mudado".

O Papa, que percorreu 12 km de vias públicas de Santiago de Cuba, rezaria uma missa ao ar livre ontem na cidade, o que não havia ocorrido até o fechamento desta edição. Hoje à tarde, o Pon­­tífice deve viajar para Havana. A visita se encerra com uma missa na capital, na quarta-feira.

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