Papa critica a "apologia tola do mal" e a "vaidade diabólica"

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O Papa Bento XVI adotará um tom fervoroso, sombrio e rigoroso com os pecados da Humanidade nas meditações das 14 Estações da Cruz, a procissão que lembra o caminho de Jesus Cristo, da condenação até o Calvário. Segundo o jornal britânico "The Times", o Papa vai atacar o que chamará de "apologia tola do mal" que estaria ganhando terreno na sociedade moderna e "uma vaidade diabólica cujo objetivo é eliminar a família".

Um dos mais duros ataques, segundo o jornal, será reservado aos avanços da engenharia genética, apresentados nas preces como tentativas de "modificar a própria gramática da vida como planejado e desejado por Deus". Bento XVI vai dizer que o mundo está diante do que chamará de um "Anti-Gênesis", uma nova maneira de encarar a vida e a criação cujo objetivo seria eliminar a família.

Mas o Papa vai condenar também o entretenimento quando encarado como uma droga alienante, as drogas entorpecentes propriamente ditas e o culto ao individualismo. Também vai lembrar os "rios de lágrimas" das mães de "crucificados, terroristas, viciados em drogas, assassinos e estupradores".

As orações - feitas a cada parada da procissão nas estações, que lembram os momentos tradicionalmente considerados mais marcantes do flagelo de Jesus - não foram escritas por Bento XVI. O autor é o vigário-geral da Cidade do Vaticano, Angelo Comastri. Mas o Papa, conhecido por seu profundo conservadorismo doutrinário, aprova os textos que vai falar. A procissão das Estações da Cruz é realizada por cristãos em todo o mundo. Em Roma, é feita no Coliseu.

Abaixo, veja trechos das preces que o Papa vai fazer, segundo o jornal "The Times":

"Senhor, perdemos nosso senso de pecado. Hoje, uma campanha astuta de propaganda está espalhando uma apologia tola do mal, um culto sem sentido a Satanás, um desejo descuidado pela transgressão, uma liberdade desonesta frívola, exaltando a impulsividade, a imoralidade e o egoísmo, como se eles fossem novos cumes de sofisticação".

"Senhor Jesus, nossa fartura está nos fazendo menos humanos, nosso entretenimento tornou-se uma droga, uma fonte de alienação e a mensagem incessante e tediosa de nossa sociedade é uma convite a morrer de egoísmo."

"Hoje parecemos testemunhar um tipo de anti-Gênesis, um contraplano, uma vaidade diabólica cujo objetivo é eliminar a família".

"Rios de lágrimas derramados pelas mães, mães dos crucificados, mães dos assassinos, mais dos viciados em drogas, mães dos terroristas, mães dos estupradores, mães dos psicopatas, mas todas mães da mesma maneira."

"Onde está Jesus na agonia de nosso tempo, na divisão do nosso mundo em cinturões de prosperidade e pobreza... numa sala estão preocupados com obesidade, na outra estão implorando por caridade?"

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