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Bento XVI denunciou o desvirtuamento sofrido pelo domingo na 'sociedade do ócio ocidental' durante a missa que realizou na catedral de Viena, em seu último dia de peregrinação pela Áustria.

A necessidade de que as pessoas dediquem sua vida a Deus é fundamental em uma sociedade que se volta para o poder e se esquece de viver o domingo em toda sua plenitude espiritual e, que, inclusive, coloca em perigo o futuro de seu meio ambiente, afirmou o Papa em sua homilia na catedral de São Estévão, abarrotada de fiéis.

"Jesus pede que as pessoas deixem tudo para trás para ficar totalmente disponível para ele e para que os demais e assim criar o oásis do amor desinteressado em um mundo onde geralmente só se parece contar com o poder e a riqueza", afirmou, em sua primeira alusão à crise de vocação na Igreja católica.

Segundo ele, os homens e as mulheres do Ocidente, um mundo que considera superficial, transformaram o domingo num dia de lazer.

"O ócio é certamente algo bom e necessário, principalmente em meio à presa do mundo moderno, mas se carecer de um foco interno, de um sentido total de direção, então, em última instância, se converte em tempo perdido que não nos fortalece nem nos reafirma", explicou.

Também mencionou, em entrar em detalhes, a ameaça que pesa sobre o meio ambiente e a Criação em geral, afirmando que é preciso dar mais atenção à dimensão ecológica do domingo, dia em que a Igreja dá graças pela Criação.

A chuva que acompanhou o Santo Padre em sua peregrinação pela Áustria deu trégua às centenas fiéis presentes, que, mesmo assim, ouviram sua mensagem protegidos, por precaução, por capas de chuva. O Papa alemão aproveitou para agradecer aos tímidos raios de sol.

O arcebispo de Viena, o cardeal Christoph Schonborn, também fez referência à importância do domingo, em um país em pleno debate sobre a abertura dominical dos estabelecimentos comerciais.

Depois da missa, o Papa visitou a abadia cisterciense de Heiligenkreuz, a 40 km de Viena, onde afirmou que os mosteiros "não são fortalezas de cultura ou de negócio, e sim oásis espirituais".

"Como um oásis espiritual, um mosteiro recorda ao mundo de hoje que há uma razão pela qual a vida vale a pena ser vivida: Deus e seu amor incomensurável", assinalou o Papa em sua visita, a primeira em 874 anos de história dessa abadia.

O Papa admitiu, no entanto, a importância da organização e dos fundos financeiros para a Igreja.

No últimos anos, alguns mosteiros europeus se voltaram para os negócios, rentabilizando ao máximo e, muitas vezes de forma bem sucedida, os serviços de hospedaria ou venda de produtos artesanais.

Em seguida, o Sumo Pontífice manteve um encontro com representantes das organizações de voluntariado no histórico auditório Wiener Konzerthaus.

O Papa glorificou o voluntariado, força motriz do desenvolvimento e do bem-estar que contribui para criar "uma civilização de amor".

"Sem o voluntariado, a sociedade e o bem-estar não poderão perdurar", afirmou ante os 1.800 membros dessas organizações reunidas.

"Oferecer ajuda aos outros é uma decisão que libera, abre nossos corações às necessidades dos demais, as exigências de justiça, a defesa da vida e a proteção da Criação", afirmou ainda.

O último compromisso do Papa antes de seguir para Roma é uma cerimônia no aeroporto da capital oferecida pelo presidente austríaco Heinz Fischer, que lhe prestará honras militares.

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