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Em sua primeira viagem pela Terra Santa, o Papa Bento XVI afirmou ontem que as religiões "podem se corromper" e que ficam "desfiguradas" quando são obrigadas a servir à ignorância e ao preconceito, ao desprezo, à violência e ao abuso.

O Papa fez essas declarações no discurso que pronunciou durante a colocação da primeira pedra da futura Universidade Católica do Patriarcado Latino de Madaba, província jordaniana onde vivem vários cristãos.

Em discurso no qual ressaltou o papel do conhecimento, o Papa disse que a fé em Deus não suprime a busca da verdade, mas, ao contrário, a encoraja, e lembrou a frase do apóstolo Paulo na qual pedia os cristãos a abrir a mente "para tudo que é verdade, é nobre, justo, puro, bom, virtuoso e merece ser louvado".

"Obviamente, a religião, como a ciência e a tecnologia, como a filosofia e toda expressão de nossa investigação da verdade, pode se corromper. A religião fica desfigurada quando é obrigada a servir a ignorância e o preconceito, o desprezo, a violência e o abuso", disse.

As palavras têm um significado particular no momentos em que os muçulmanos radicais jordanianos lembram a polêmica provocada pelas declarações do Papa em uma universidade da Alemanha em 2006, quando teria vinculado a violência ao Islã. "Esta perversão da religião não é inevitável", destacou o papa, para quem promover a educação é expressar a "confiança no dom da liberdade".

De Madaba, o Papa voltou a Amã, onde visitou uma das maiores mesquitas da Jordânia, mesquita Al Hussein ben Talal. Bento XVI reconheceu a existência de tensões e divisões entre os membros das distintas tradições religiosas, mas afirmou que "muitas vezes a manipulação ideológica da religião, às vezes com fins políticos, é o verdadeiro catalisador de tensões e de divisões e, às vezes, inclusive de violências na sociedade".

"Esta situação obriga os fiéis a ser coerentes com seus princípios e suas crenças", afirmou o papa no segundo dia de sua viagem à Terra Santa.

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