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Papa desembarca no Aeroporto Internacional de Amã: “Tenho profundo respeito pela comunidade muçulmana”, disse ele | Ahmed Jadallah/Reuters
Papa desembarca no Aeroporto Internacional de Amã: “Tenho profundo respeito pela comunidade muçulmana”, disse ele| Foto: Ahmed Jadallah/Reuters

Amã - Ainda no avião que o levava para sua viagem pela Terra Santa, que teve início ontem na Jordânia, o Papa Bento XVI defendeu uma participação maior da Igreja Católica na mediação do processo de paz entre palestinos e israelenses.

Ele afirmou que gostaria de se engajar em um "diálogo trilateral’’ com judeus e muçulmanos. O Pontífice fica até segunda na Jordânia, quando a outra parte de sua "peregrinação’’, dividida entre Israel e territórios palestinos.

"É certo que eu vou tentar fazer uma contribuição para o processo de paz, não como um indivíduo, mas em nome da Igreja, da Santa S钒, disse o Papa a repórteres que o acompanhavam na viagem de Roma a Amã, capital da Jordânia.

Um integrante da Igreja no Brasil diz estar entre os interesses imediatos da instituição nesta viagem o "reforço’’ de sua relevância "moral’’ e política no cenário internacional. Daí a iniciativa de Bento XVI.

O Papa disse na entrevista que as negociações de paz são frequentemente travadas pelo surgimento de posições sectárias, que podem ser superadas com a participação de um mediador como a Igreja Católica.

Ao chegar à Jordânia, Bento XVI continuou a ser cobrado por declarações suas de 2006 – quando, durante uma aula em universidade na Alemanha sobre fé e razão, citou um imperador bizantino do século 14 que criticava a violência do islã.

Questionado sobre o tema, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que a Igreja já tinha feito todos os esclarecimentos possíveis sobre o episódio – à época, o Papa se disse "profundamente sentido’’ por ter ofendido a sensibilidade de muitos muçulmanos.

Segundo o jornal britânico The Guardian, em resposta à pergunta de um repórter ontem em Amã, Lombardi disse: "Não podemos continuar repetindo os mesmos esclarecimentos até o fim dos tempos’’.

Bento XVI, por sua vez, já no território do primeiro país árabe que visita desde que se tornou Papa, em 2005, afirmou que a viagem lhe "dava oportunidade’’ para expressar o seu "profundo respeito pela comunidade muçulmana’’.

No mesmo discurso, o Pontífice louvou o rei Abdullah, da Jordânia, aliado dos EUA e que mantém relações estáveis com Israel, por seu trabalho na "promoção de uma melhor compreensão das virtudes proclamadas pelo isl㒒.

Estado palestino

Durante as declarações de boas-vindas, o rei defendeu a existência do Estado palestino, uma questão difícil para este Papa, já que seu anfitrião em Israel, o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, é resistente à solução, tradicionalmente defendida por Igreja, países europeus, ONU e países árabes, de dois Estados nacionais na região – um deles para os palestinos.

Com o acirramento das hostilidades entre israelenses e palestinos – entre outras coisas por causa da recente incursão do Estado judeu na Faixa de Gaza, além da eleição do novo governo de direita naquele país –, qualquer declaração do Papa Bento XVI que pareça um apoio da igreja a um dos lados no conflito pode ter consequências explosivas.

Hoje, na Jordânia, o Papa visita uma mesquita e mais tarde participa de encontro com líderes religiosos muçulmanos.

A viagem também prevê a visita, em Israel, do Memorial do Holocausto, encontro com lideranças políticas israelenses e palestinas e a presença do pontífice num campo de refugiados, próximo a Belém.

O roteiro do périplo em grande medida reproduz viagem semelhante feita por João Paulo II, em 2000. Como seu antecessor, o líder da Igreja Católica visitará a cidade natal de Jesus Cristo (Belém) e os locais onde ele cresceu (Nazaré) e onde foi crucificado (Jerusalém), segundo a tradição.

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