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Bispos irlandeses se reunem com o papa Bento XVI para discutir escândalos sexuais | Reuters
Bispos irlandeses se reunem com o papa Bento XVI para discutir escândalos sexuais| Foto: Reuters

Um alto funcionário do Vaticano disse nesta segunda-feira (15) a bispos irlandeses que estão em Roma para discutir com o papa Bento 16 o imenso escândalo da pedofilia na Igreja irlandesa que os clérigos que pecaram precisam admitir sua culpa por "atos abomináveis".

A mensagem foi transmitida no sermão de uma missa rezada na Basílica de São Pedro, pouco antes de os bispos iniciarem dois dias de conversações de crise com o papa, com o objetivo de formular uma resposta às revelações sobre abusos cometidos por religiosos, que abalaram a Irlanda, país católico devoto.

"Sim, as tempestades geram medo, mesmo as que abalam o barco da Igreja devido aos pecados de seus membros", disse aos bispos o cardeal Tarcisio Bertono, secretário de Estado do Vaticano e número 2 na hierarquia do Vaticano.

Bertone disse que os julgamentos internos da Igreja são "naturalmente mais duros e mais humilhantes", particularmente quando "homens da Igreja se envolveram em atos tão particularmente abomináveis."

Primeiro encontro desse tipo realizado no Vaticano em oito anos, a reunião vai discutir um plano de ação e pode levar a mais renúncias de prelados, provocando grandes mudanças na hierarquia da Igreja na Irlanda. Quatro prelados já renunciaram a seus cargos.

O papa Bento 16, os 24 bispos irlandeses e altos funcionários do Vaticano vão realizar três sessões em resposta ao ultraje gerado na Irlanda pelo relatório da Comissão Murphy, um indiciamento ferrenho dos abusos sexuais infantis cometidos por sacerdotes.

Bertone disse que a misericórdia de Deus "pode arrancar alguém do abismo mais profundo", mas "apenas se o pecador reconhecer sua culpa com plena veracidade."

IGREJA OCULTOU ABUSOS "DE MODO OBSESSIVO"

Divulgado em novembro, o relatório da Comissão Murphy disse que a Igreja irlandesa ocultou "obsessivamente" os abusos contra crianças cometidos na arquidiocese de Dublin entre 1975 e 2004, operando com uma política de "não perguntar, não revelar."

O texto disse que todos os bispos que atuaram em Dublin durante esse período tinham conhecimento de algumas das queixas, mas que a arquidiocese se preocupou mais em proteger a reputação da igreja que em proteger as crianças.

Quatro bispos já apresentaram suas renúncias, e o papa até agora aceitou uma delas. O grupo de vítimas Um em Quatro exortou a outros bispos em toda a Irlanda que aderiram à "cultura do acobertamento" que também renunciem.

Os grupos de vítimas disseram que vão buscar indenização monetária, o que pode levar a uma crise financeira na Igreja irlandesa.

No caso da Igreja dos Estados Unidos, atingida por um escândalo semelhante em 2002, sete dioceses apresentaram pedido de concordata após milhares de ações abertas contra padres por abuso sexual.

O Vaticano disse em dezembro que o papa escreverá à população irlandesa sobre a crise. Será a primeira vez que um pontífice dedica um documento exclusivamente ao abuso de crianças por parte de clérigos.

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