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O papa Francisco disse nesta terça-feira (25) que não fecha a porta para a negociação com a milícia Estado Islâmico, embora considere o diálogo "quase impossível". A facção domina desde o início do ano partes do Iraque e da Síria.

Para tentar impor sua interpretação radical do islamismo, os extremistas promoveram êxodo e mortes em massa de minorias étnicas, assassinatos sumários, com decapitação e crucificação, estupro de mulheres, tráfico humano e cárcere privado. Nos últimos meses, a facção começou a decapitar reféns estrangeiros, em especial americanos e britânicos, e publicar vídeos das mortes.

A defesa do diálogo foi feita pelo pontífice enquanto voltava de Estrasburgo, na França, ao Vaticano. "Eu nunca direi que tudo está perdido, nunca. Talvez não se possa ter um diálogo, mas você não pode nunca fechar a porta. É difícil, alguém poderia dizer que é quase impossível, mas a porta está sempre aberta".

Francisco reiterou sua posição de que a ação militar contra o Estado Islâmico só deveria ser tomada se houvesse consenso internacional. "É preciso lutar contra o terrorismo, mas para deter um agressor injusto, é necessário o consenso internacional. Nenhum país pode fazê-lo por conta própria".

Em agosto, ele criticou os Estados Unidos por fazerem ataques sozinhos no Iraque. "Os meios com que temos que frear essa agressão injusta devem ser avaliados. Digo frear [a milícia], não bombardear nem fazer uma guerra". O papa evitou responder sobre se recebeu ameaças durante suas viagens.

Ele viaja na sexta (28) para a Turquia e visitará a capital Ancara e Istambul, sede da Igreja Ortodoxa de Constantinopla. O país, que tem maioria muçulmana, é vizinho da Síria e do Iraque e uma das principais portas de entrada de europeus e americanos que viajam ao Oriente Médio para se juntar a grupos terroristas e ao Estado Islâmico.

Europa

A entrevista ocorreu após discurso no Parlamento Europeu, em que defendeu "o resgate das raízes religiosas" do continente para enfrentar a expansão dos extremistas. "O esquecimento de Deus e não sua glorificação é o que causa a violência". Sobre os imigrantes, o papa voltou a pedir aos países da Europa que acolham e ajudem os africanos e asiáticos que chegam. "Não podemos tolerar o fato de o Mediterrâneo estar se tornando um grande cemitério".

No pronunciamento, ele disse que a impressão geral transmitida pelo continente é "a de uma avó, uma Europa que já não é fecunda nem vibrante", enquanto o mundo se tornou "cada vez menos eurocêntrico". "Chegou o momento de abandonar a ideia de uma Europa assustada e egocêntrica, para que seja um ponto de referência importante para toda a humanidade", ressaltou em um longo discurso de tom muito pessoal e bastante crítico.

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